Levantamento Genial/Quaest divulgado nesta quinta-feira, 5, mostra que uma parcela maior do eleitorado brasileiro demonstra preocupação com a possibilidade de retorno do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) à Presidência da República do que com a continuidade do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A pesquisa foi realizada entre os dias 29 de maio e 1º de junho, por meio de entrevistas presenciais com 2.004 eleitores a partir de 16 anos.

Segundo os dados, 45% dos entrevistados afirmaram ter mais medo da volta de Bolsonaro ao cargo máximo do Executivo federal. Outros 40% disseram temer mais a reeleição de Lula. O resultado reflete uma divisão no eleitorado, mas indica que o ex-presidente lidera em nível de receio entre os participantes.

Ainda de acordo com a sondagem, 66% dos entrevistados responderam que Lula não deveria disputar um novo mandato em 2026. A informação foi divulgada pela colunista Malu Gaspar, de O Globo, e corrobora outras tendências registradas no levantamento, como a queda de popularidade do presidente.

Jair Bolsonaro, por sua vez, está impedido de disputar cargos eletivos até 2030 em razão de condenações pela Justiça Eleitoral. Além disso, ele é alvo de investigações no Supremo Tribunal Federal (STF), relacionadas a sua suposta participação em tentativa de impedir a posse de Lula em 2023, após o resultado das eleições.

Apesar das dificuldades enfrentadas por ambos, a pesquisa evidencia que a desaprovação ao bolsonarismo permanece um fator mobilizador entre eleitores contrários à sua eventual volta. Por outro lado, o levantamento aponta que a administração de Lula não tem conseguido reverter de forma significativa os índices de insatisfação acumulados nos últimos meses.

No campo eleitoral, a Genial/Quaest também simulou cenários de segundo turno entre Lula e nomes ligados à direita. Em diversos confrontos, o presidente aparece em situação de empate técnico com adversários como Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Michelle Bolsonaro (PL), Eduardo Leite (PSD-RS) e Ratinho Junior (PSD-PR).

O desempenho de Lula nestas simulações é inferior ao registrado em levantamentos anteriores, sugerindo dificuldades para consolidar sua posição caso opte por tentar um novo mandato.

Apesar disso, o presidente tem reforçado críticas ao campo político que apoia Bolsonaro. Na última terça-feira (3), durante entrevista coletiva, Lula voltou a se referir indiretamente à atuação da família Bolsonaro. Ao comentar declarações recentes do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que afirmou à revista Veja estar disposto a disputar a Presidência caso seu pai permaneça inelegível, Lula fez críticas ao posicionamento do parlamentar, sem citar nomes.

A retórica do governo federal contrasta com a estratégia adotada pelo Partido Liberal (PL), que tem intensificado ações publicitárias com o objetivo de vincular o cenário econômico atual à figura do presidente. Entre os slogans utilizados pelo partido está a frase “se está tudo caro, volta Bolsonaro”, presente em inserções veiculadas na televisão e no rádio, além de manifestações populares.

Entretanto, os dados da Genial/Quaest indicam mudanças na percepção da população sobre os indicadores econômicos durante o governo Lula.

O percentual de entrevistados que acreditam em melhora no cenário econômico subiu dois pontos percentuais, enquanto a fatia dos que projetam piora caiu oito pontos em relação ao levantamento anterior. O movimento pode sugerir uma leve recuperação na confiança do eleitorado em relação à condução da economia, embora ainda insuficiente para alterar o quadro geral de polarização.

A pesquisa reafirma o caráter indefinido do cenário político a pouco mais de um ano das movimentações partidárias para as eleições de 2026. Com o ex-presidente Bolsonaro impedido de concorrer, líderes do campo conservador articulam alternativas para ocupar seu espaço no pleito.

Ao mesmo tempo, o atual presidente enfrenta resistência significativa a uma eventual tentativa de reeleição, mesmo entre parte dos eleitores que se opõem ao bolsonarismo.

A rejeição mútua entre os dois principais grupos políticos do país permanece elevada. A pesquisa Genial/Quaest revela que tanto Lula quanto Bolsonaro são alvos de resistência significativa por parte do eleitorado, o que pode influenciar a estratégia dos partidos nos próximos dois anos.

O levantamento foi encomendado pela Genial Investimentos e possui margem de erro de dois pontos percentuais, com nível de confiança de 95%. As entrevistas foram realizadas em 120 municípios brasileiros, com amostra representativa por sexo, idade, escolaridade, região e renda.

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Last Update: 05/06/2025