Uma pesquisa divulgada pela Quaest nesta sexta-feira 17 mostra que 67% dos brasileiros acreditam que o governo poderia implementar um imposto sobre transações via Pix. Essa percepção, baseada em informações falsas sobre um ato da Receita Federal, provocou um duro impacto sobre a imagem do governo e a dinâmica política nacional.

A medida, na verdade, previa que, a partir de 1º de janeiro deste ano, fintechs, bancos digitais e operadoras de cartões a reportassem movimentações mensais acima de 5 mil reais por pessoas físicas, informações já repassadas à Receita pelos bancos tradicionais.

O levantamento, que combinou entrevistas presenciais e análise de dados nas redes sociais, lança luz sobre como a disseminação de notícias falsas pelo bolsonarismo e a inconsistência nas respostas do governo reverberou socialmente.

Para Felipe Nunes, diretor da Quaest, o governo falhou em controlar a narrativa e pagou o preço por sua lentidão em reagir. “O saldo é negativo por três razões: timing errado, diagnóstico errado e tática errada”, escreveu, no X.

A mudança havia sido divulgada pela Receita Federal em setembro do ano anterior, mas só ganhou relevância após a publicação de um vídeo do senador Cleitinho (Republicanos-MG) em 6 de janeiro. O conteúdo, que teve 3,4 milhões de visualizações, serviu como estopim para que a oposição amplificasse a narrativa de que o governo taxaria o Pix.

Diante da repercussão já em curso, o governo fez um esforço coordenado para desmentir os boatos, a partir do dia 10. No dia 15, recuou, revogando a norma.

Na véspera da revogação, um vídeo do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) desempenhou um papel central na escalada do tema, mobilizando mais de 22 milhões de interações nas redes sociais. Com 5,5 milhões de perfis únicos envolvidos, a discussão alcançou um impacto estimado em 152 milhões de perfis.

“Embora 68% tenham ficado sabendo que o governo desmentiu que haveria taxação, mesmo que 55% tenham ficado sabendo que a norma foi revogada, ainda assim 67% acreditam que o governo vai cobrar imposto sobre o Pix”, avaliou Nunes, também via X. “Fake news tem que ser corretamente compreendidas. São gatilhos, não são instrumentos de persuasão.”

A pesquisa ouviu 1.200 pessoas entre os dias 15 e 17 de janeiro. As informações foram consolidadas a partir de dados coletados nas redes sociais (X, Facebook, Instagram, TikTok e YouTube).

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Last Update: 17/01/2025