A prisão domiciliar de Jair Bolsonaro tem o apoio de 55% dos brasileiros, de acordo com pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta segunda-feira (25).

A maioria dos entrevistados avalia também que o ex-presidente participou de plano de tentativa de golpe logo após as eleições de 2022 para impedir Lula de tomar posse. Para 52%, Bolsonaro se envolveu na conspiração golpista, contra 49% identificados no levantamento anterior.

Os resultados da pesquisa, que ouviu 2.004 pessoas entre os dias 13 e 17 de agosto, evidenciam que os brasileiros estão se informando melhor e não estão se deixando levar pelas fake news propagandeadas pelo bolsonarismo e pelas narrativas falaciosas da extrema direita. 98% reconhecem que houve tentativa de golpe de Estado no Brasil, diz a pesquisa Quaest.

O ministro do STF, Alexandre de Moraes determinou a prisão domiciliar de Bolsonaro dia 4 de agosto após descumprimento de medidas cautelares. A pesquisa Quaest identificou que 57% dos entrevistados avaliaram que o ex-presidente quis provocar o ministro ao falar para os manifestantes no Rio de Janeiro por chamada de vídeo com seu filho Flávio Bolsonaro dia 3 de agosto.

Leia mais – Lindbergh denuncia plano de fuga de Bolsonaro e pede prisão preventiva ao STF

Apenas 30% disseram que Bolsonaro não compreendeu bem as restrições determinadas pelo STF.

Plano de fuga

Enquanto aumenta a consciência da maioria do povo de que o ex-presidente e sua caterva planejaram dar golpe de Estado e conspiraram contra a democracia, crescem as suspeitas de que Bolsonaro planeja uma fuga para a embaixada dos Estados Unidos. O líder do PT na Câmara, deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) entrou com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) neste sábado (23) pedindo a decretação de prisão preventiva.

“Denúncia! Bolsonaro tem plano de fuga para se asilar na embaixada dos EUA”, publicou ele em seu perfil na rede X junto com vídeo gravado em frente ao prédio da embaixada em Brasilia.

Lindbergh pediu prisão preventiva imediata de Jair Bolsonaro e ressaltou que ele e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-RJ) são traidores do Brasil. “Em todo esse contencioso com os Estados Unidos, ele não conseguiu a anistia. O Brasil não se rendeu às sanções, às tarifas e agora o caminho dele é de fuga. Por isso, prisão preventiva imediata de Jair Bolsonaro”, disparou.

Leia mais – Na mira da PF: Bolsonaro recebeu mais de R$ 44 milhões desde 2023

Ainda no vídeo, Lindbergh provou que a distância da casa do ex-presidente à embaixada é de 10 minutos de carro. “Minha equipe esteve hoje onde mora Jair Bolsonaro, no Jardim Botânico, na Asa Norte. Não tinha policiamento. Se ele entra aqui na embaixada, acabou, a confusão está feita”, disse ele no vídeo explicando que Bolsonaro pode pedir asilo político e a embaixada pode pedir salvo conduto para ele sair do país.

“Estou insistindo, providências tem que ser tomadas”, alertou, ao lembrar das duas noites que Bolsonaro dormiu na embaixada da Hungria e do pedido de asilo político à Argentina.

“Está na cara que a fuga dele entra aqui”, disse Lindbergh apontando para o portão da embaixada dos Estados Unidos. “As autoridades brasileiras tem que entender o momento que a gente está vivendo. O Brasil e as nossas instituições não podem aceitar. É necessário se antecipar. Seria uma grande frustração nacional, uma ameaça à segurança nacional”, assinalou.

Maioria no Nordeste vê tentativa de golpe

O levantamento da Quaest mostrou que a região Nordeste concentra o maior percentual (62%) de eleitores que veem Bolsonaro envolvido na tentativa de golpe. 59% se declararam católicos, 57% têm ensino fundamental completo, mesmo índice dos que ganham até dois salários mínimos por mês.

Apenas na região Sul (46% a 43%) e entre evangélicos (54% a 30%) é maior o percentual de quem acha que Bolsonaro não participou da tentativa de golpe é superior ao dos que acham que ele participou.

Diante dos 52% que acreditam que o ex-presidente participou da conspiração golpista, 36% acham que não e 10% não souberam ou não responderam.

Mudança na correlação de forças

Para o jornalista Breno Altman, os resultados da pesquisa mostram que uma parte do eleitorado bolsonarista, ainda que pequena, está considerando correta sua prisão. “Isso é um elemento novo que reflete uma mudança da correlação de forças da opinião pública nos últimos dois meses”, afirmou Altman em entrevista à TV Brasil 247 na manhã desta segunda-feira (25).

Ele avalia que o governo do presidente Lula conseguiu avançar no debate sobre justiça tributária e soberania, o que deslocou uma parte do eleitorado conservador para uma posição mais crítica contra Bolsonaro, defendendo sua prisão.

O governo passou a ter uma tática de enfrentamento a partir da votação, no Congresso, que eliminou o aumento do IOF, na disputa pobres contra ricos, no imposto sobre maiores rendas e em seguida se desdobrou na tática de defesa do país contra as agressões de Trump.

“Isso melhorou a popularidade do governo, as intenções de voto no presidente Lula e acabou abrindo caminho para essa pesquisa Quaest, com uma maioria absoluta se colocando favoravelmente à prisão domiciliar de Bolsonaro”, concluiu.

Da Redação, com informações do site da revista Veja

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 25/08/2025