Nessa sexta-feira (14), o porta-voz do governo russo, Dimitri Peskov, anunciou que o presidente russo, Vladimir Putin, encontrou o emissário norte-americano Steve Witkoff, encarregado de discutir detalhes da proposta de cessar-fogo acordada entre o governo dos Estados Unidos e o presidente ucraniano sem mandato Vladimir Zelensqui. Segundo Peskov, o governo teria visto com otimismo as tratativas entre o Crêmlin (sede do governo russo) e a Casa Branca (sede do governo norte-americano).

O porta-voz russo ainda declarou que Putin aguardará um retorno do governo norte-americano antes de se pronunciar oficialmente sobre a proposta de acordo.

Enquanto isso, Zelensqui acusou novamente a Rússia de “deliberadamente impor condições que complicam e atrasam” a finalização de um acordo de cessar-fogo. Segundo ele, enquanto a Ucrânia está pronta para tomar medidas como a troca de prisioneiros e uma trégua de trinta dias, a Rússia agiria para impedir qualquer avanço diplomático. A declaração veio após uma conversa com o cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano.

A pressão de Zelensqui para que o governo russo aceite o acordo ocorre porque, segundo denunciado pelo próprio Vladimir Putin, a proposta de um cessar-fogo de 30 dias, nas condições em que foi proposto, serviria apenas para dar uma sobrevida ao regime ucraniano, que está em fase de liquidação total. Em conferência de imprensa nessa quinta-feira (13), o presidente russo explicou que a Rússia está na iminência de derrotar as forças ucranianas em Kursk, o que significaria praticamente uma vitória total de seu país contra a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). A proposta de cessar-fogo temporário, portanto, serviria para que a Ucrânia se preparasse novamente para o combate.

Semanas atrás, Zelensqui não mostrava a mesma vontade de firmar um acordo de cessar-fogo. O presidente sem mandato ucraniano chegou a se desentender publicamente com o presidente dos Estados Unidos, em uma tentativa desesperada de impedir que a guerra acabasse – e, assim, o seu regime acabasse.

Também nessa quinta-feira (14), os ministros das Relações Exteriores do G7, o grupo dos países mais poderosos do mundo, reunidos por três dias em La Malbaie, no Canadá, emitiram um comunicado reafirmando seu “apoio incondicional à Ucrânia”, condenando o que chamam de “agressão russa”.  O bloco, composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Reino Unido e Japão, exigiu que a Rússia aceite uma trégua de 30 dias.

Os países europeus insistiram que a segurança da Ucrânia seja “garantida a longo prazo”, o que significa, na prática, que o cerco militar da OTAN contra a Rússia seja fortalecido. Trump, que se opõe à guerra da Ucrânia e à política externa do imperialismo no geral, tem se colocado contra essa ideia.

Enquanto isso, a chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Kaja Kallas, afirmou que pretende mobilizar até 40 bilhões de euros para apoiar a Ucrânia na compra de munições de artilharia, sistemas de defesa antiaérea e veículos aéreos não tripulados (VANTs). Segundo a agência AFP, a proposta enfrenta resistência dentro da UE. Alguns países se opõem ao plano, tornando a discussão “complicada”, conforme teria declarado um diplomata europeu. A Hungria, que vem se aproximando cada vez mais do governo de Vladimir Putin, já indicou que vetará a medida, o que levou o imperialismo europeu a considerar formar uma coalizão de países voluntários para viabilizar o apoio à Ucrânia, permitindo até mesmo a participação de nações fora da UE, como o Reino Unido.

Ao final do dia, enquanto as negociações sobre o cessar-fogo encontravam travadas por uma série de impasses, Putin pediu que soldados ucranianos na região russa de Kursk se rendessem.

“Se depuserem as armas e se renderem, terão suas vidas garantidas e receberão um tratamento digno, de acordo com as normas do direito internacional e as leis da Federação Russa.”

As declarações foram feitas poucas horas depois de Trump, em sua rede Truth Social, pedir ao homólogo russo que “poupasse a vida” dos militares ucranianos presentes na região de Kursk.

Putin afirmou que os soldados ucranianos “cometeram inúmeros crimes contra a população civil” em Kursk, onde ocuparam centenas de quilômetros quadrados desde agosto de 2024, e voltou a compará-los a “terroristas”.

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Last Update: 15/03/2025