Presidente russo destaca crescimento econômico do bloco e propõe novas iniciativas de cooperação durante 17ª Cúpula
Rio de Janeiro, 6 de julho de 2025 – O presidente russo Vladimir Putin participou por videoconferência da sessão plenária principal da 17ª Cúpula do BRICS, realizada no Rio de Janeiro sob a presidência brasileira. Em seu discurso, Putin enfatizou o crescimento da influência global do bloco e defendeu a transição para um mundo multipolar mais justo.
BRICS supera G7 em poder econômico
Durante sua participação na cúpula, Putin destacou que o BRICS representa atualmente 40% da economia global, com um PIB combinado de 77 trilhões de dólares em paridade de poder de compra, superando substancialmente o G7, que possui 57 trilhões de dólares. O presidente russo ressaltou que o bloco abrange um terço da massa terrestre mundial e quase metade da população do planeta.
O líder russo enfatizou que o mundo está passando por “mudanças tectônicas”, com o sistema unipolar de relações internacionais perdendo relevância e sendo substituído por um mundo multipolar mais justo. Putin argumentou que o modelo de globalização liberal está se tornando obsoleto, enquanto o centro da atividade empresarial gravita em direção aos mercados em desenvolvimento.
Moedas nacionais ganham força
Entre as principais propostas apresentadas por Putin estão a criação de uma nova plataforma de investimento BRICS, a expansão do uso de moedas nacionais em pagamentos mútuos, e o desenvolvimento de um sistema de pagamento e monetário independente dentro do bloco. O presidente russo informou que, em 2024, a participação do rublo e das moedas de estados amigos em transações com a Rússia e outros países BRICS atingiu 90%.
Esta mudança representa uma tentativa clara de reduzir a dependência do dólar americano nas transações comerciais entre os países membros. Putin defendeu que criar um sistema de pagamento independente acelerará as transações monetárias, garantindo também sua eficácia e segurança.
Expansão e cooperação
O BRICS, que originalmente incluía Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, expandiu-se significativamente nos últimos anos. Durante a cúpula em Kazan, Rússia, em outubro de 2024, foi estabelecida uma categoria de estados parceiros do BRICS. Atualmente, o bloco conta com dez estados parceiros, refletindo seu crescente apelo entre países do Sul Global e do Oriente.
Putin elogiou a presidência brasileira da cúpula, sob Luiz Inácio Lula da Silva, destacando os esforços ativos do Brasil no avanço da parceria estratégica dentro do BRICS. O presidente russo enfatizou que os países BRICS representam diferentes modelos de desenvolvimento, religiões, civilizações autênticas e culturas, enquanto defendem unanimemente a igualdade e a boa vizinhança.
Novas iniciativas propostas
O líder russo apresentou várias iniciativas para fortalecer a cooperação dentro do bloco. Entre elas estão a formação de uma parceria de mercado de carbono, um centro de investimento de arbitragem, uma plataforma de concorrência justa e um secretariado fiscal permanente dentro do BRICS.
Putin também destacou conquistas já em andamento, como o lançamento de um mecanismo especial para consultas sobre questões da Organização Mundial do Comércio. Os processos para criar uma bolsa de grãos, um centro de pesquisa climática, uma plataforma logística permanente e um programa de cooperação esportiva no BRICS estão avançando.
Dimensão cultural
Em uma iniciativa cultural, Putin anunciou que Moscou sediará em setembro o Intervision, um concurso internacional de canção televisiva com participação de artistas dos países BRICS e parceiros. Segundo o presidente russo, este projeto humanitário é projetado para promover valores universais, culturais, familiares e espirituais compartilhados pelos países do bloco.
Contexto geopolítico
A 17ª Cúpula do BRICS ocorreu em um momento de crescente tensão geopolítica global, com o bloco buscando consolidar-se como uma alternativa aos mecanismos tradicionais de governança internacional dominados pelo Ocidente. O evento foi dedicado aos temas de paz, segurança e reformas de governança global.
A participação de Putin por videoconferência reflete as limitações impostas pelas sanções internacionais e pela situação geopolítica atual, mas não diminuiu a importância de sua mensagem sobre o fortalecimento da cooperação Sul-Sul e a construção de uma ordem mundial alternativa.
Resultados da cúpula
O evento resultou na adoção da Declaração Final, da Declaração dos Líderes sobre Governança Global da Inteligência Artificial e da Declaração Estrutural dos Líderes sobre Financiamento Climático. Putin expressou confiança de que a declaração final fornece uma boa premissa para trabalho conjunto adicional no espírito de continuidade e cooperação igualitária característica do BRICS.
Perspectivas futuras
Putin concluiu seu discurso agradecendo aos colegas dos estados membros do BRICS pela interação produtiva e construtiva. O presidente russo demonstrou otimismo quanto ao futuro do bloco, enfatizando que a autoridade global e influência do grupo continuam crescendo ano após ano.
O discurso de Putin na Cúpula do Rio reforça a estratégia russa de fortalecer parcerias com países emergentes como alternativa às relações com o Ocidente. As propostas apresentadas visam criar mecanismos econômicos e financeiros independentes que possam rivalizar com as instituições tradicionais dominadas pelos países desenvolvidos.
Com o BRICS representando quase metade da população mundial e uma parcela crescente da economia global, as iniciativas discutidas na cúpula podem ter impactos significativos na reconfiguração da ordem econômica internacional nos próximos anos.
