Punição ao Cerro por racismo contra Luighi é ineficaz e ‘incentiva novos atos criminosos’, diz CBF

A Confederação Brasileira de Futebol disse considerar que a decisão da Conmebol em punir a equipe sub-20 do Cerro Porteño com multa e portões fechados após episódios de racismo contra o jogador Luighi, do Palmeiras, é ineficaz e “incentiva a prática de novos atos criminosos”. A punição foi oficializada neste domingo 9 pela comissão disciplinar da entidade.

De acordo com a CBF, a penalidade “não combate com o rigor necessário a discriminação racial ocorrida” porque “só atinge a equipe sub-20 do Clube denunciado que está muito provavelmente apenas a um jogo de encerrar sua participação na competição, tornando a já insignificante penalidade, sem serventia”.

“O racismo no esporte, além de ser uma afronta à dignidade humana, compromete os valores de respeito, inclusão e igualdade que devem nortear as competições esportivas”, diz outro trecho da nota divulgada pela confederação brasileira.

Os episódios de racismo ocorreram na noite da última quinta-feira 6, durante o segundo tempo da partida entre Palmeiras e Cerro Porteño, em Assunção. O time brasileiro venceu o confronto por 3 a 0. Imagens da transmissão mostram um torcedor imitando um macaco na direção do atacante Luighi, de 20 anos.

Diante da cena, o jogador deixou o campo aos prantos. A caminho do banco de reservas, Luighi também sofreu uma cusparada vinda da arquibancada. Na saída de campo, Luighi parecia já saber que iria encarar o tema na entrevista com a equipe da Conmebol. Mas, para surpresa do jogador, ele foi perguntado apenas sobre o resultado da partida. O jogador, então, se revoltou.

“Não, Não. É sério isso?”, questionou. “Vocês não vai me perguntar sobre o ato de racismo que ocorreu hoje comigo? É sério? Até quando vamos passar por isso. Me fala, até quando? O que fizeram comigo é crime, não vai me perguntar sobre isso?“, indagou o jogador, aos prantos.

O Cerro foi enquadrado em três artigos do código disciplinar da Conmebol:

  • 12.2: Qualquer outra falta de ordem ou disciplina que possa ser cometida no estádio ou nas suas imediações antes, durante e no final de um jogo;
  • 15.2: Qualquer Associação Membro ou clube cujos torcedores insultarem ou atentarem contra a dignidade humana de outra pessoa ou grupo de pessoas, por qualquer meio, tendo como motivo a cor da pele, raça, sexo ou orientação sexual, etnia, idioma, credo ou origem, será sancionado com uma multa;
  • 15.4: A Comissão Disciplinar poderá aplicar sanção inferior à prevista na seção 2 deste artigo, levando em consideração todos os fatores relevantes do caso, incluindo a assistência, o grau de colaboração do infrator ao revelar ou esclarecer a violação de uma norma da CONMEBOL, a identificação dos torcedores, as circunstâncias do caso e o grau de culpa do infrator, tal como qualquer outra informação relevante.

Além da multa de 50 mil dólares e o veto à presença de torcida nos jogos, o time ainda terá de publicar em suas redes sociais uma campanha de conscientização contra o racismo, na qual devem participar todos os jogadores do Sub-20. O conteúdo precisa ser previamente aprovado pela Conmebol. Jorge Achucarro, treinador da equipe, também foi suspenso por duas partidas.

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