A boxeadora argelina Imane Khelif, no centro de uma polêmica envolvendo discussões sobre gênero no esporte, pediu o fim dos ataques a atletas que compartilham de sua condição biológica, afirmando que “essa situação pode destruir as pessoas”. Khelif tornou-se alvo de fake news da extrema-direita após a italiana Angela Carini desistir de lutar contra ela na última quinta-feira (1º).
A argelina foi desqualificada do Mundial de Boxe de 2023 devido a “níveis elevados de testosterona que não atendiam aos critérios de elegibilidade”, conforme informou o Comitê Olímpico Internacional (COI).
Em uma entrevista à Associated Press no último domingo (4), Khelif expressou sua preocupação com a onda de ataques odiosos baseados em conceitos errados sobre seu gênero, afirmando que isso “prejudica a dignidade humana”. “Envio uma mensagem a todas as pessoas do mundo para defenderem os princípios olímpicos e a Carta Olímpica, para se absterem de intimidar todos os atletas, porque isso tem efeitos, efeitos enormes”, disse a atleta.
“Isso pode destruir as pessoas, pode matar os pensamentos, o espírito e a mente das pessoas. Pode dividir as pessoas. E por causa disso, peço-lhes que evitem o bullying, e é isso.”
Imane Khelif, nascida em Tiaret, na Argélia, em 2 de maio de 1999, compete no boxe desde 2018. Em 2022, ela conquistou os campeonatos Africano e Mediterrâneo e chegou à final do Mundial em Istambul, perdendo para Broadhurst. Recentemente, ela garantiu ao menos uma medalha de bronze ao superar, no sábado (3), a boxeadora húngara Luca Hamori e se classificar para as semifinais na categoria até 66 kg.
Hamori foi uma das atletas que fizeram declarações contundentes contra Khelif, afirmando em seu TikTok que teria que “lutar contra um homem. Ficou provado que é um homem”. A declaração levou o Comitê Olímpico Argelino a repudiar a fala dela, afirmando que “isto contraria a declaração dos atletas sobre os direitos e responsabilidades com outros atletas no espaço olímpico”.
A polêmica em torno de Khelif não é um caso isolado. A taiwanesa Yu Ting Lin, que estreou na sexta-feira (2) na categoria até 57 kg, também foi desqualificada pelo mesmo motivo no Mundial de 2023, organizado pela Federação Internacional de Boxe (IBA), recentemente descrecendiada pelo COI por corrupção. Ambas as boxeadoras competiram na última Olimpíada de Tóquio 2020, quando Khelif terminou em quinto lugar e Yu Ting Lin em nono.