Em entrevista ao vivo no Jornal PT Brasil, exibido pela TvPT na segunda-feira (16), o professor e doutor em Direito, Marcelo Uchôa, analisou o papel desempenhado pelo Partido dos Trabalhadores nas eleições municipais daquele ano e discutiu os desafios enfrentados pelas esquerdas brasileiras diante das investidas da direita e da extrema-direita no país.

“O PT aumentou seu número de prefeituras, isso foi um fato, o que demonstrou a capacidade do partido de manter uma interlocução permanente com a base. Mas é importante explicar por que muitos da extrema direita disseram que o PT perdeu essas últimas eleições. Na verdade, o PT abriu mão de disputar em muitos colégios importantes em prol de uma composição progressista. Por exemplo, no Rio de Janeiro, o PT apoiou Eduardo Paes (PSD), e no Recife também apoiou João Campos (PSB), assim como em outras cidades. Então, estou muito tranquilo em afirmar que o PT manteve sua capacidade de crescer e que vem ampliando,” explicou Uchôa.

Ele também falou sobre os desafios dos dois primeiros anos do governo Lula.

“Eu não tenho a menor dúvida de que agora, com um Banco Central renovado e um pacote fiscal mais ajustado, conseguiremos cada vez mais colher os frutos dos primeiros anos que foram difíceis, pois tivemos que consolidar a democracia. Esse ainda é o principal desafio das esquerdas brasileiras: consolidar a democracia e, ao mesmo tempo, fazer pressão para que no Parlamento consigamos aprovar as medidas que o Poder Executivo, que o presidente Lula, vem tentando aprovar, enfrentando a resistência parlamentar de um segmento majoritário, que eu diria ser conservador e reacionário.”

Assista a íntegra do programa Jornal PT Brasil exibido nesta segunda-feira (16) pela TvPT

Fortaleza

Marcelo Uchôa comentou também sobre a vitória do PT em Fortaleza, onde vive, e onde o PT está à frente do governo estadual e, a partir do próximo ano, também comandará o executivo municipal com o prefeito eleito Evandro Leitão.

“A situação de Fortaleza se diferenciou da de muitas outras cidades e capitais pelo fato de termos vencido. É indiscutível que existe uma extrema-direita e que eles tenham facilidade de comunicação, sem compromisso com a verdade, tornando fácil ludibriar as pessoas. Mas aqui no Ceará, para nós, em 2026 não pensamos em outra hipótese senão vencer a reeleição do governador Elmano e contribuir para a reeleição nacional do presidente Lula, levando 80 a 85% dos votos do estado para ele,” afirmou Uchôa.

“O prefeito Evandro Leitão, que já começou a montar seu time para o próximo ano, tem plena consciência da responsabilidade que enfrentará nos próximos anos como gestor da única capital petista,” destacou.

Pressão do Mercado Financeiro

Questionado sobre a pressão do mercado contra o governo federal, apesar dos excelentes índices alcançados nesses dois anos em relação ao desemprego, crescimento econômico, reajuste do salário mínimo acima da inflação e isenção do imposto de renda, Marcelo Uchôa criticou a especulação financeira.

“Essa entidade supostamente chamada mercado tenta moldar o cenário de vida do povo brasileiro, que escolheu em 2022 um estado protetor. Infelizmente, temos que lutar contra essas especulações. As corporações não mencionam os números positivos do crescimento do emprego, da isenção do IR para certas categorias e dos esforços fiscais. Enquanto isso, ouvimos falar do Milei na Argentina, reduzindo impostos, sem mencionar o aumento da pobreza extrema lá. É difícil, mas devemos continuar fazendo nossa parte. Acho que o ministro Haddad tem sido extremamente inteligente, assim como a área técnica do governo. Com uma nova direção do Banco Central, o presidente Lula está convencido de que não só controlará o mercado, mas também promoverá crescimento através de cooperações com países importantes, ligados aos BRICS,” enfatizou Uchôa.

Ele também analisou as questões das pautas de costumes impostas pela extrema-direita, que servem de cortina de fumaça para desviar das pautas realmente relevantes para o país.

“É um debate que mascara o essencial. Quando surgem discussões sobre valores e moralismo, como o aborto ou questões identitárias ligadas à homofobia, elas mascaram o que me parece mais agressivo: a exploração dos trabalhadores. Estamos sendo massacrados no Congresso com pautas extremamente atrasadas em termos de proteção laboral. Seria ideal não precisarmos gastar tanto tempo lutando pela manutenção da democracia, sem essas cortinas de fumaça, para enfrentar diretamente essas questões. Infelizmente, estamos nos acostumando a lidar com isso, lutando contra os factóides criados pela extrema-direita,” afirmou.

Da Redação

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Last Update: 16/12/2024