O PSTU é um partido que dá a impressão de ter sido infiltrado. Suas posições extremamente reacionárias, sempre alinhadas com o imperialismo, deixa a pergunta: estão a serviço de quem?

Um exemplo desse alinhamento pode ser visto no artigo “A relação da esquerda com o imperialismo chinês”, publicado em 21 janeiro de 2024 no sítio Opinião Socialista.

O artigo, que não passa de uma visão primária do que seja o imperialismo, tem um propósito muito definido: atacar a China, um dos principais alvos do bloco imperialista, notadamente o americano.

Em um determinado trecho do texto se lê que “é um patrimônio comum entre a esquerda que a luta anti-imperialista é um princípio. Em vários momentos importantes da luta de classes internacional esse princípio permitiu construir amplas unidades de ação na luta contra o imperialismo hegemônico, como foi a luta contra a guerra do Iraque”. No entanto, o PSTU, como aqueles que atacaram o Iraque, também ataca o Afeganistão, a Síria, o Irã, a Venezuela, a Nicarágua, Cuba…

O PSTU, apoiou o golpe contra Dilma Rousseff, orquestrado pelos mesmos que agrediram o povo iraquiano. Esse partido apoiou o golpe militar no Egito, e celebrou o golpe na Ucrânia. Não se pode chamar isso de um partido de esquerda.

Outro alvo do PSTU é a Rússia. Como eles próprios confessam, “a Liga Internacional dos Trabalhadores — Quarta Internacional (LIT-QI), e mais alguns poucos setores da esquerda, posicionou-se junto do povo ucraniano na luta contra a invasão imperialista russa”.

Esse partido trata como imperialista um país que vem sofrendo sanções, bloqueios, e cercado sistematicamente pela OTAN. A Rússia foi obrigada a fazer uma guerra defensiva. Desde o Euromaidan, e os anos que se seguiram de ataques contínuos contra a população civil na região do Donbass, ficou claro que a intenção do imperialismo era dividir a Rússia em diversas partes menores, como fez com a Iugoslávia.

Indigência intelectual

Um parágrafo diz textualmente que “a caracterização do Estado chinês não é unânime. Ainda há quem caracterize a China como um Estado socialista, subestimando todo o avanço do capital, principalmente norte-americano, no país asiático desde a década de 1970. O papel de ponta que a China cumpre hoje em setores fundamentais da produção capitalista, como a tecnologia 5G, a aposta no carro elétrico e na produção de energias renováveis, mostra que deixa de ser o país capitalista fábrica do mundo para ser um país imperialista”.

Seria preciso perguntar: como a China pode ser considerada imperialista se ali ocorre o avanço do capital norte-americano?

Não tem pé nem cabeça a conclusão de que tecnologias, como o 5G, ou carros elétricos coloque um país na posição de imperialista.

Quando a China apresentou a tecnologia do 5G, os Estados Unidos praticamente proibiram o Brasil o resto do mundo. Empresas de telecomunicações dos EUA foram proibidas de usar equipamentos da Huawei e da ZTE em redes de telecomunicações 5G (e também 4G e anteriores).

A Huawei foi colocada na Entity List do Departamento de Comércio em maio de 2019, o que significa que empresas americanas não podiam vender hardware ou software para a Huawei sem aprovação especial (licença). Isso afetou diretamente o acesso da Huawei a componentes-chave como chips da Qualcomm e da Intel, além do sistema operacional Android completo (Google).

Como resultado, a Huawei perdeu mercado global e teve dificuldades para obter chips de ponta. E países ao redor do mundo tiveram que repensar suas estratégias de fornecimento de infraestrutura 5G, aumentando a importância de fornecedores alternativos como Ericsson, Nokia e Samsung.

É assim que age o imperialismo. Por pressão dos Estados Unidos, Meng Wanzhou, filha do fundador da Huawei, foi presa em 2018 no aeroporto de Vancouver, no Canadá sob a acusação fajuta de fraude bancária e conspiração. Meng foi mantida em prisão domiciliar por três anos enquanto durou o processo de extradição, que acabou não ocorrendo.

O PSTU já viu a China algo minimamente parecido com isso? Não, pois a China não é imperialista.

Com relação aos carros elétricos, enquanto a China tenta acordos com a Bolívia, o imperialismo deu um golpe de Estado no país para tentar se apoderar do lítio, fundamental para as baterias dos carros.

África

Com relação a países do continente africano, o artigo diz que um “estudo internacional” que “aponta que os credores chineses buscam ganhar vantagens sobre outros credores com diversos mecanismos, usando acordos de garantia, como contas de receitas controladas pelo credor e promessas de manter a dívida fora de futuras reestruturações. Os créditos incluem também cláusulas de cancelamento, aceleração e estabilização que dão aos credores chineses grande influência sobre as políticas internas dos países em dívida”.

Em seguida, afirmam que “O estudo concluí que ‘os credores chineses mostram uma engenhosidade considerável na adaptação e expansão de ferramentas contratuais padrão para maximizar suas perspectivas de reembolso (…) para proteger uma ampla gama de interesses chineses no país mutuário’”.

Se a China fosse um país imperialista, não precisaria de inventar macetes, ‘engenhosidades’ em contratos. Simplesmente daria golpes de Estado ou ocuparia o país militarmente, como fez a França para roubar todo o urânio do Gabão.

O tal “estudo internacional” foi feito pelo Center for Global Development (CGD), um think tank sediado em Washington, que, para surpresa de ninguém, recebe financiamento de Bill & Melinda Gates Foundation, Open Philanthropy, Ford Foundation (CIA), Rockefeller Foundation, dentre outros.

Segundo o texto, os empréstimos “são instrumento da exploração imperialista e que aumentam a subordinação dos países africanos”. O PSTU não consegue distinguir exportação de capitais com imperialismo. É uma insanidade, pois países como Etiópia, Moçambique, Guiné e Zâmbia já receberam cancelamentos parciais ou renegociações de dívidas.

Ataques deliberados

É difícil saber se os integrantes do PSTU desconhecem o que seja o imperialismo, ou se agem deliberadamente contra inimigos do bloco imperialista.

As ações desse partido, que se diz trotskista, há muito que se alinha integralmente com os interesses do imperialismo, seja na América Latina, Ásia, Oriente Médio e na África.

A China, ao contrário do que tenta demostrar o texto, é um país que está sendo assediado pelas grandes potências. Os Estados Unidos estão agindo para separar Taiuan, cria acordos militares para intimidar os chineses, que mal conseguem uma saída para o mar. Isso jamais aconteceria com um país imperialista.

É preciso desmascarar esse grupo que se diz de esquerda, mas que age contra os interesses da classe trabalhadora, uma vez que apoia a política de seu pior inimigo: o imperialismo.

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Last Update: 02/06/2025