A possível filiação de Ciro Gomes ao PSDB reacendeu discussões internas sobre a candidatura presidencial do partido para 2026.

Segundo informações publicadas pela Folha de S. Paulo, dirigentes tucanos veem no ex-ministro uma alternativa para manter a legenda na disputa pelo Palácio do Planalto, em meio à incerteza sobre nomes viáveis com alcance nacional.

Mesmo que Ciro tenha sido inicialmente apontado como possível candidato ao governo do Ceará, setores do partido demonstram preocupação com a chance de o PSDB não apresentar nome próprio à Presidência pela primeira vez desde sua fundação. A avaliação de dirigentes é de que a volta de Ciro, que já integrou os quadros tucanos nos anos 1990, pode preencher essa lacuna e reposicionar o partido no cenário eleitoral.

“É um nome que tem história, já disputou quatro eleições presidenciais, tem visibilidade nacional e nunca negociou suas posições”, afirmou um integrante da cúpula partidária ouvido pela reportagem.

Nas eleições de 2022, Ciro tentou se apresentar como alternativa à polarização entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), mas obteve resultado abaixo do esperado. Agora, a possível aliança com o PSDB é articulada pelo ex-governador do Ceará e ex-senador Tasso Jereissati, uma das lideranças históricas da legenda.

Durante o processo eleitoral municipal de 2024, Ciro adotou estratégia de distanciamento de grupos bolsonaristas no Ceará e intensificou sua oposição ao PT no estado, movimento que interlocutores avaliam como preparação para novo reposicionamento nacional. A aproximação com o PSDB também foi vista como sinal de tentativa de reconstrução de alianças políticas em frentes consideradas mais moderadas.

Apesar do histórico de críticas a figuras centrais do partido, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso — especialmente durante os anos seguintes à sua primeira passagem pela legenda —, a possível nova filiação de Ciro tem sido bem recebida por parte significativa dos tucanos.

O entendimento entre esses setores é de que a conjuntura atual exige pragmatismo e foco na retomada da relevância nacional da sigla, que perdeu protagonismo nas últimas eleições presidenciais.

Nas eleições gerais de 2022, o PSDB não conseguiu levar ao segundo turno nenhum candidato majoritário a nível federal e teve desempenho considerado abaixo das expectativas em diversos estados. Diante desse cenário, lideranças internas passaram a defender uma reorganização estratégica e a busca por nomes com maior apelo popular e experiência política.

A entrada de Ciro é vista como um possível ponto de inflexão nesse processo. Além da exposição nacional consolidada ao longo de décadas de carreira, o ex-ministro é reconhecido por sua atuação como ex-governador do Ceará, ex-deputado federal e ex-ministro da Fazenda e da Integração Nacional, com passagem por diferentes partidos.

Fontes próximas às articulações afirmam que ainda não há definição oficial sobre o lançamento de Ciro como pré-candidato, mas admitem que a possibilidade vem ganhando força nas discussões internas. O PSDB deverá tomar uma decisão formal sobre sua estratégia presidencial até o segundo semestre de 2025, quando começa o período de intensificação das negociações partidárias para a formação de alianças e chapas.

Internamente, parte dos dirigentes entende que a nova filiação também ajudaria o partido a reocupar espaço no Nordeste, região onde o PSDB perdeu influência nos últimos ciclos eleitorais. Ciro, que mantém forte base no Ceará, poderia auxiliar na reconstrução desse elo com o eleitorado da região.

A avaliação de analistas políticos é de que a filiação de Ciro, se confirmada, colocará o PSDB novamente no centro do debate nacional, mesmo sem garantias de competitividade imediata. A legenda, que governou o país por oito anos com Fernando Henrique Cardoso e esteve em todos os segundos turnos presidenciais entre 1994 e 2014, busca redefinir sua identidade e papel na política brasileira.

Ciro Gomes ainda não comentou publicamente sobre a possibilidade de disputar a Presidência pelo PSDB. Nos bastidores, aliados próximos indicam que ele analisa o cenário com cautela, levando em conta o desempenho recente de sua candidatura e a necessidade de construção de uma base sólida para um eventual retorno à corrida presidencial.

Enquanto isso, o partido aguarda os próximos movimentos de Ciro para definir os rumos de sua participação nas eleições de 2026. A expectativa é de que as conversas avancem ao longo do segundo semestre de 2024, quando a janela de filiações para quem pretende disputar cargos eletivos começará a ganhar força no calendário político nacional.

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Last Update: 24/06/2025