Mais de 500 pessoas se reuniram na praça Oswaldo Cruz, em São Paulo, no último domingo (28), para o ato em defesa da Palestina, organizado por organizações de esquerda. O Partido da Causa Operária (PCO) e os comitês de defesa da Palestina compareceram à convocação, montando sua banca de materiais e protagonizando uma situação de repressão aos direitos democráticos por parte da Polícia Militar.
Segundo Francisco Muniz, dirigente do PCO, a ação truculenta da PM contra a loja se deu em dois momentos distintos, sempre quando a presença do público na praça era menor. Ao Diário da Causa Operária, Muniz explicou como se deu a ação repressora:
“A gente chegou lá com duas horas de antecedência em relação ao ato e logo montamos a nossa tradicional banca de materiais, como fazemos em toda manifestação, com materiais em defesa da Palestina, camisetas, botões, canecas, publicações, materiais do Partido e etc. O curioso é o seguinte: a gente montou tudo e logo que viram que a gente não ia colocar mais nada na mesa, vieram um monte de policiais falar com a gente. Não sei quantos eram, seis ou sete, mas chegaram questionando se a gente tinha autorização da prefeitura para montar material. Fale que gente estava participando da manifestação, que a banca era do ato, ao que ele questionou: ‘mas vocês não têm a atualização da prefeitura pra vender essas coisas?’ Expliquei que era um material da Palestina, da manifestação, que a gente não tava lucrando nada, mas ele retrucou: ‘olha, vamos fazer o seguinte, vou recolher tudo aqui e deixar com a prefeitura, a não ser que vocês tirem agora’. Aí a gente teve que tirar, né?”
Muniz informa que a banca foi então desmontada, com a mesa vazia, sob o olhar atento dos policiais, segundo o jovem militante, “olhando a gente para ver se não colocávamos nada”, disse, acrescentando que “em um dado momento, quando tinha mais movimento, mais gente, a gente remontou a banca.”
“A gente achou que já tava mais tranquilo, montou [a banca], tinha outras bancas de materiais lá também e a gente organizou a nossa de novo. Nessa hora, já tinha um monte de gente na praça com banca e aí, a PM não foi mexer com a gente”. Tudo mudou, disse Muniz, “assim que a manifestação começou a se direcionar para rua”.
“Quando os manifestantes começaram a andar, a sair da praça de Oswaldo Cruz e ir para a passeata, a polícia veio de novo para a nossa banca e de novo, mandou a gente desmontar, ameaçando confiscar nossas coisas e tudo mais. A gente desmontou, eles não pegaram nada, ainda bem, mas foi uma truculência, um negócio absurdo e muito arbitrário. Você vai fazer uma manifestação, só que você não pode nem levar materiais relacionados à manifestação? É totalmente arbitrário.”
Vinda de Limeira para participar da manifestação, Monique Carvalho também testemunhou a ação truculenta da PM e estranhou a ação voltada contra a banca de materiais do PCO. “Vi a polícia tirando a banca. Eles tiraram a do PCO, mas deixaram a loja das outras pessoas, o que achei muito estranho”, diz. “Acho que a gente devia ter questionado o motivo”, continua Carvalho, concluindo crer que se tratava de “uma perseguição mesmo”.
Apesar da repressão policial ocorrida na praça, o transcorrer da manifestação, não registrou maiores incidentes. A marcha de manifestantes seguiu para o MASP, chegando à entrada do tradicional museu paulistano por volta das 13h30. Carvalho diz não ter conseguido participar da manifestação do dia 30 de junho, mas conseguiu vir de Limeira a São Paulo e “amado”, destacando a bateria Zumbi dos Palmares: “amei. Amei a bateria, o pessoal toca muito bem, super certinho”.
Para o mês de setembro, o PCO e os comitês de defesa da Palestina preparam um novo dia nacional de defesa da Palestina, a ser realizado nas capitais dos estados. As manifestações estão sendo preparadas para ocorrer em um momento de deterioração da crise sionista, que no último dia 24, se aprofundou com a ida aos EUA de Netaniahu para requisitar “mais ferramentas” para “Israel” enfrentar o Irã e o Hamas, evidenciando que todos os esforços feitos pelo imperialismo para sustentar o enclave imperialista têm sido insuficiente.