O próximo domingo (14) será marcado por atos em todo o Brasil contra a decisão da Câmara dos Deputados em reduzir a pena dos condenados pela trama golpista. Na prática, observa-se a tentativa de anistiar os golpistas do 8 de Janeiro.
Diversos movimentos estão envolvidos na construção dos atos nacionais, que têm como lema “Sem Anistia pra Golpista”. As frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular fazem parte da organização, que conta com entidades do movimento social, estudantil, sindical e partidos políticos.
Além da posição contrária ao projeto de lei (PL) da dosimetria, que visa atender, principalmente, o ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado a mais de 27 anos de prisão, as organizações ainda se manifestarão contra a aprovação do Marco Temporal, outro retrocesso que avança no Congresso Nacional.
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A UNE (União Nacional dos Estudantes) faz parte das entidades que organizam o ato. A sua presidenta, Bianca Borges, alerta que o que está em jogo não é apenas um detalhe jurídico.
“A dosimetria que se discute hoje pode se transformar, na prática, numa porta aberta para a anistia dos golpistas do 8 de Janeiro. E anistiar golpistas sempre significou, na história do Brasil, autorizar que ataques à democracia se repitam. Por isso é tão importante que esse ato seja grande, visível e plural”, reforça.
Segundo Bianca, a UNE e as entidades estudantis estão fazendo a convocação porque sabem do peso simbólico das mobilizações populares: “Elas colocam limite ao retrocesso. Quando as ruas se movem, o Congresso sente. É assim desde a luta contra a ditadura, foi assim contra o orçamento secreto, e será assim agora, para impedir qualquer tentativa de reescrever um crime gravíssimo como se fosse apenas um tropeço político”, ressalta.
Para completar, a representante dos estudantes é categórica ao dizer que o recado precisa ser firme: “não haverá conciliação possível com quem tentou destruir o país. Democracia não se negocia, não se reduz, não se relativiza. E quanto maior for o ato do dia 14, mais inequívoca será a mensagem de que a sociedade brasileira está atenta, vigilante e disposta a defender a democracia com a mesma coragem com que a conquistou”, entende Bianca.
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Para Renê Vicente, vice-presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) nacional e presidente da CTB-SP, o projeto de dosimetria é um novo golpe contra o país.
“A CTB irá se somar às outras centrais sindicais na denúncia desse golpe que está sendo organizado pelo ‘centrão’ no sentido de aplicar uma lei chamada dosimetria, que nada mais é do que dar anistia aos golpistas do 8 de Janeiro, aqueles que atentaram contra a democracia em nosso país”, explica.
“Este Congresso Nacional está sendo venal aos interesses da classe trabalhadora, aos interesses de toda a sociedade. Não pautam aquilo que é necessário para que a gente possa colocar o Brasil em outro rumo que atenda as demandas da população, mas pautam a defesa de interesses próprios, interesses que não atendem a população e sim a elite do país. Por isso estaremos no dia 14 nas ruas junto com os partidos políticos, movimentos sociais, denunciando esta tentativa de anistia aos golpistas do 8 de Janeiro”, denuncia Vicente.
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Na cidade de São Paulo (SP), o ato deverá acontecer na Avenida Paulista, em frente ao Masp (Museu de Arte de São Paulo), com início às 14 horas.
Em Brasília (DF), a concentração ocorre a partir das 9 horas, em frente ao Museu da República. Os manifestantes irão marchar rumo ao Congresso Nacional.

Em Natal (RN), o ato deve começar a reunir a população também às 9 horas, em frente à loja Ferreira Costa, localizada na Av. Engenheiro Roberto Freire (nº 142 – Capim Macio).
Em Uberlândia (MG), a mobilização “Sem anistia para golpista” se reúne na Praça Clarimundo Carneiro, às 9h30.
Estes são alguns dos atos com endereço já confirmado. Outros ainda deverão ser anunciados, principalmente nas capitais. Também há a previsão de mobilizações em outros países, como em Lisboa, Portugal. Por lá, o protesto acontece às 15 horas, com encontro na Praça dos Restauradores.