A assinatura do acordo de livre-comércio entre a União Europeia e o Mercosul, prevista para ocorrer nos próximos dias em Foz do Iguaçu, está em risco após mobilização de produtores rurais franceses e a posição contrária de líderes políticos em Paris e Roma.
Com tratores e barricadas, Produtores rurais franceses bloquearam acessos e exigiram que o Parlamento e o Conselho Europeu adiem qualquer tentativa de votação ou assinatura do acordo até que garantias mais claras sejam oferecidas aos setores agrícolas.
Os agricultores reclamam que o pacto — negociado por mais de duas décadas — representa uma ameaça ao setor agrícola europeu, particularmente em um momento de pressões sanitárias e econômicas no campo, e que as proteções para os produtores europeus são insuficientes.
Impasse político
A resistência ao acordo tem sido liderada pela França. O presidente Emmanuel Macron afirmou que Paris se oporá “veementemente” a qualquer tentativa de forçar a aprovação do acordo sem salvaguardas adequadas para produtores locais.
Contudo, o quadro ganhou novos contornos quando a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, disse ao Parlamento italiano que a assinatura do acordo seria “prematura”, pois medidas adicionais de proteção ao setor agrícola ainda não foram finalizadas e aprovadas.
Ela pediu um pacote de medidas que inclua garantias de reciprocidade e proteção dos agricultores europeus antes de qualquer compromisso formal, e destacou que a posição não representa um veto definitivo, mas a exigência de que garantias claras sejam incorporadas ao texto antes de Roma apoiar a assinatura.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, vinha planejando formalizar o acordo durante uma cúpula com presidentes do Mercosul na cidade de Foz do Iguaçu neste mês, após negociações que duram 25 anos e visam integrar mercados que somam 780 milhões de consumidores e cerca de 25% do PIB global.
Entretanto, a posição de Itália, os protestos de agricultores em várias capitais europeias e o esforço para alcançar a maioria qualificada necessária entre os Estados-membros para autorizar a assinatura está em risco. Países como Polônia e Hungria também se aliaram às dúvidas sobre o texto atual.