O governo cedeu à pressão dos financistas e penalizou os trabalhadores. O novo pacote econômico liderado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, aponta para um cenário alarmante: a transferência de quase R$ 400 bilhões da população pobre para os financistas nos próximos cinco anos.

Rui Costa Pimenta, em sua análise do último sábado (30), foi enfático ao afirmar que as medidas representam um verdadeiro ataque à classe trabalhadora. Não há explicação diferente disso. É a política do rei na época de Robin Hood: aumenta os impostos do pobre para dar à nobreza. O impacto será direto sobre benefícios como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC), este último voltado a pessoas inválidas ou sem condições de se aposentar. O plano Haddad colocará em prática uma política de pressão sobre esse setor, como destacou Rui.

A análise também apontou o impacto imediato das medidas no mercado financeiro, evidenciado pela disparada do dólar, que atingiu a marca de R$ 6,10 em um ataque especulativo recente. Conforme destacou outro trecho da fala de Pimenta, este é o terceiro episódio do tipo enfrentado pelo governo, sempre com a mesma resposta: submissão às demandas do setor financeiro.

“Agora os financistas têm plena consciência de que o governo é um completo refém deles”, afirmou, mencionando a postura de Haddad ao se reunir com representantes do setor financeiro e prometer novos cortes dentro de dois ou três meses, caso necessário. Tal fato demonstra uma capitulação total e levanta a pergunta: aonde vamos parar com isso?

Um dos pontos mais criticados do pacote é o chamado “pente-fino” nos benefícios do BPC. A política, direcionada aos aposentados por invalidez, é nada mais que um ataque direto aos mais vulneráveis. Estabelecerão que você é um picareta, um mentiroso, um vigarista, e precisará ir ao médico do INSS para provar que é inválido e precisa do BPC mesmo.

A revisão pode levar à suspensão do benefício para aqueles cuja condição for considerada insuficiente pelo perito do INSS, o que penaliza um setor já marginalizado. Essas pessoas são do setor mais pobre da população. O Partido dos Trabalhadores (PT), o partido do presidente da República, deveria saber disso.

O quadro atual é consequência direta de reformas previdenciárias anteriores, que já restringiram o acesso à aposentadoria. Ao apoiar essa medida, o governo irá atacar aqueles pobres coitados para dar seu dinheiro aos financistas. Os apontamentos convergem para uma visão crítica do pacote econômico como um todo, descrito por Rui como “o início do sofrimento e da desbarrancada do governo do PT”. A transferência de recursos da população trabalhadora para os financistas, aliada à incapacidade de reagir a ataques especulativos, sinaliza um governo cada vez mais fragilizado diante das pressões do mercado financeiro e do imperialismo como um todo.

Enquanto o governo tenta justificar as medidas como necessárias para o equilíbrio fiscal, na lógica mais neoliberal possível, o custo recairá, mais uma vez, sobre os ombros dos mais pobres.

 

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Last Update: 01/12/2024