Trump faz gesto nazista na capa da revista alemã Stern

Na última terça-feira (04/02), durante uma entrevista conjunta com o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu na Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, apresentou uma proposta alarmante para a Faixa de Gaza.

Trump sugeriu que os EUA poderiam “assumir” o território palestino, promovendo uma ocupação de longo prazo com o objetivo de transformá-lo na “Riviera do Oriente Médio”. A insanidade inclui a remoção forçada dos palestinos da região enquanto o território seria reestruturado. “Possuir aquele pedaço de terra, desenvolvê-lo, criar milhares de empregos. Vai ser realmente magnífico”, afirmou Trump.

A proposta tem ecos perturbadores de transferências populacionais forçadas ao longo da história, práticas enraizadas em mentalidades imperialistas e colonialistas. Além de violar o Artigo 49 da Quarta Convenção de Genebra, que proíbe deslocamentos forçados em massa, independentemente do motivo, lembra o Plano Madagascar da Alemanha nazista.

Essa proposta, idealizada por Franz Rademacher, chefe do departamento de assuntos judaicos do Ministério das Relações Exteriores do Terceiro Reich, planejava deportar todos os judeus da Europa para a ilha de Madagascar, então colônia francesa.

O projeto foi formalmente apresentado em 1940, pouco antes da derrota da França, embora algumas discussões preliminares já tivessem sido travadas em 1938 entre criminosos nazistas como Julius StreicherHermann GöringAlfred Rosenberg e Joachim von Ribbentrop. Acabou sendo substituído pela “Solução Final” em 1942, apósConferência de Wannsee, culminando no Holocausto.

A simplicidade cruel da proposta de Trump reduz os palestinos a meros “objetos” deslocáveis, sem considerar sua autonomia e direitos históricos. Ao sugerir a remoção da população de Gaza, Trump ignora as causas reais da destruição da região: o cerco imposto por Israel e as contínuas agressões militares. A reconstrução de Gaza não pode ocorrer sem seus habitantes, e é moralmente indefensável reembalar a expulsão forçada como um ato humanitário.

Essa ideia também se insere em um contexto mais amplo de genocídio e limpeza étnica promovidos pelo governo israelense, com apoio incondicional dos EUA. Recentemente, Trump autorizou o envio de bombas para Israel, demonstrando seu compromisso com a escalada do genocído. Além disso, a narrativa de que todos os palestinos em Gaza são refugiados a serem reassentados é enganosa. Muitos são descendentes dos sobreviventes da Nakba de 1948, expulsos de suas cidades e vilarejos, e seu direito ao retorno deve ser garantido, não negado sob um pretexto de “reconstrução”.

O tratamento dado aos europeus após a Segunda Guerra Mundial oferece um contraste gritante: ninguém sugeriu realocar esses civis assolados pela guerra para reconstruir suas cidades bombardeadas. Por que os palestinos deveriam ser tratados de maneira diferente? O povo de Gaza tem o direito de reconstruir suas casas e determinar seu próprio futuro.

O futuro de Gaza pertence ao seu povo — não àqueles que buscam apagá-los. O caminho para uma paz sustentável em Gaza e além é claro: reconstruir Gaza pelas mãos de seus próprios habitantes, e não sem eles; encerrar o sufocante bloqueio de 17 anos imposto à região; garantir o cumprimento do direito internacional e dos direitos humanos, incluindo a autodeterminação palestina e o histórico direito de retorno.

A paz e a segurança regionais sustentáveis não podem — e não serão — alcançadas por meio de mais injustiça. O deslocamento forçado não é uma solução — é a perpetuação da opressão. Os direitos humanos e internacionais devem ser respeitados, incluindo a autodeterminação e o direito histórico de retorno dos palestinos.

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Last Update: 05/02/2025