No artigo Repudiamos o ataque israelense ao Irã e apoiamos o contra-ataque iraniano, produzido pela Liga Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional (LIT-QI), os ditos “trotskistas” simplesmente jogaram na lata do lixo uma das premissas fundamentais do marxismo, particularmente defendida por Vladimir Lênin e Leon Trótski: o imperialismo é reacionário em toda a linha.
Valendo-se de considerações irrelevantes sobre o Irã, a LIT-QI publicou no último dia 14 a seguinte afirmação:
“Este apoio é limitado. Durante a ocupação de Gaza, o Irã não forneceu apoio militar concreto aos palestinos. Limitou-se explicitamente a responder aos ataques israelenses em seu território.”
A frase acima é uma intriga descarada contra o Irã, com o objetivo claro de desmoralizar a luta revolucionária contra o Estado sionista de “Israel”. É público e notório que o Irã é o eixo organizador de toda a frente revolucionária do mundo árabe, que luta contra a ditadura sionista e o imperialismo. O chamado “eixo da resistência” — que o imperialismo batizou de “eixo do mal” — é coordenado em larga medida a partir do Irã.
Não apenas o Hesbolá, mas todos os partidos revolucionários da Palestina e da região receberam do Estado iraniano armas, treinamento e recursos para enfrentar o colonialismo. Acusar o Irã de “apoio limitado” é uma calúnia que, se tivesse qualquer influência entre o povo árabe, serviria apenas para desmobilizar o apoio real ao maior símbolo da resistência contra o imperialismo no Oriente Médio.
Com essa falsificação grotesca da realidade, a LIT-QI presta um serviço inestimável a “Israel” e ao imperialismo. Não resiste a uma análise mínima dos fatos.
O objetivo é minar a confiança dos oprimidos na única força regional que tem efetivamente enfrentado a dominação sionista. A LIT-QI age como quinta-coluna dentro da esquerda, espalhando desconfiança e sabotando a resistência árabe sob o pretexto de manter uma suposta “independência política”.
“Neste conflito, estamos no campo militar do Irã e contra o Estado sionista. Ao mesmo tempo, mantemos nossa completa independência política em relação a essa ditadura burguesa.”
Essa frase, que pretende ser crítica, é uma fraude. A LIT-QI não está no campo militar de nada, porque não tem soldados, não tem milícia, não tem sequer influência concreta em qualquer frente de combate onde eles de fato se dão no terreno militar.
Está apenas no campo da propaganda e aqui, onde está atuando, sua atuação é inteiramente voltada contra o Irã. Ou seja, atua exatamente como os setores imperialistas que promovem, neste exato momento, campanhas internacionais pela derrubada do regime iraniano.
A conversa fiada sobre estar “no campo militar” ao mesmo tempo em que se mantém “independência política” é puro cinismo. Ninguém que se reivindica revolucionário pode, em uma guerra onde uma das partes é o imperialismo, declarar apoio “militar” e fazer questão de destacar a oposição política, atuando politicamente pelo enfraquecimento do Estado agredido.
Ou se apoia o Irã, ou se está, objetivamente, ao lado do imperialismo e de “Israel”. Não há meio-termo. O Irã está sendo atacado não por ser uma “ditadura burguesa”, como afirma a LIT-QI, mas por ser o principal obstáculo regional à dominação imperialista e sionista. Nesse conflito, a única posição minimamente coerente com a luta de classes é apoiar incondicionalmente a resistência iraniana.
Dizer que o Irã é “burguês” é tão irrelevante quanto dizer que a União Soviética era “burocrática” enquanto era invadida pelos nazistas. O que está em jogo não é a pureza ideológica dos regimes, mas o fato concreto de que o imperialismo ataca as nações oprimidas, e o dever de todo revolucionário é se colocar do lado dos oprimidos. É por isso que a atuação da LIT-QI é criminosa do ponto de vista político: porque ela se coloca, de maneira envergonhada, do lado do inimigo número um dos povos do mundo — o imperialismo norte-americano.
No fim das contas, a LIT-QI não apoia o contra-ataque iraniano coisa nenhuma. Isso é só uma capa de fumaça. Ao acusar o Irã de ser uma “ditadura burguesa” e “não ter apoiado” os palestinos, a LIT-QI dá toda a munição ideológica necessária para que o imperialismo siga tentando derrubar o governo iraniano.
Não por acaso, essa é a mesma política promovida pelos EUA, por “Israel” e pelos herdeiros do xá Reza Pahlavi. A única diferença é que a LIT-QI diz isso com um verniz de esquerda.
O que esse artigo da LIT-QI revela, portanto, é sua completa degeneração política. Um panfleto a serviço da reação, escrito em linguagem “trotskista”, mas alinhado em conteúdo ao imperialismo, ao sionismo e ao genocídio do povo palestino. Trata-se, na prática, de um braço pseudo-esquerdista da política externa norte-americana. Um serviço sujo que deve ser denunciado por todos os que realmente defendem a revolução e os povos oprimidos.