O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), impôs uma restrição ao deputado federal João Ramagem, proibindo-o de manter contato com o ex-presidente Jair Bolsonaro e Valdemar da Costa Neto, presidente nacional do Partido Liberal.
A decisão, divulgada nesta terça-feira (16), foi tomada no âmbito de um inquérito que investiga a suposta existência de uma Abin paralela durante o governo anterior. Vale lembrar que Bolsonaro e Valdemar também estão impedidos de manterem conexões diretas entre si.
A notificação oficial do gabinete de Moraes tende a afetar significativamente o cenário eleitoral da capital fluminense, especialmente na disputa pela Prefeitura do Rio de Janeiro. Um evento programado para a próxima quinta-feira (18), quando Bolsonaro e Ramagem estariam presentes, agora se vê comprometido.
Ramagem, que figura em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto para prefeito carioca, atrás apenas do atual prefeito Eduardo Paes (PSD), vê sua candidatura praticamente inviabilizada com a decisão de Moraes. O deputado contava com o ex-presidente como seu principal apoiador na campanha eleitoral.
Em resposta à decisão judicial, Bolsonaro reiterou seu apoio ao ex-diretor-chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) em declarações à imprensa no sábado, mesmo diante dos avanços das investigações da Polícia Federal contra o candidato do PL.
Investigadores da PF apontam Ramagem como um dos principais suspeitos de ter organizado uma estrutura clandestina na Abin durante sua gestão. O bolsonarista, por sua vez, nega qualquer irregularidade e segue sua defesa em meio ao conturbado contexto eleitoral e judicial que agora enfrenta.
Na última segunda-feira (15), Moraes tirou do sigilo a gravação de uma reunião entre Bolsonaro, Ramagem, o ex-ministro do GSI Augusto Heleno, e duas advogadas que defendiam o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) na investigação sobre o suposto esquema de rachadinha em seu gabinete.
A principal pauta da conversa era a criação de estratégias para encerrar a investigação contra o “filho 01” do ex-presidente. Na ocasião, a advogada Luciana Pires falou sobre buscar dados de pessoas envolvidas no inquérito. Segundo a Polícia Federal, o grupo de bolsonarista procurava identificar quem, dentro da Receita Federal, estava conduzindo a investigação para remover essa pessoa do processo.