Foto: Agatha Azevedo 

Por Agatha Azevedo 
Da Página do MST

No dia 21 de agosto, o Programa Popular de Recuperação da Bacia do Paraopeba realizou uma formação regional com as famílias assentadas e acampadas do Assentamento 2 de Julho e dos Acampamentos Zequinha Nunes e Pátria Livre, localizados em Betim e São Joaquim de Bicas, na região metropolitana de Belo Horizonte.

Com o objetivo de instrumentalizar as famílias sem terra com técnicas agroecológicas de manejo do solo, a formação trouxe elementos sobre a agricultura na história, e a relação entre a vida humana e os bens da natureza e fez uma experiência prática de construção de bioinsumos a partir da técnica de E.M. (microorganismos eficientes). 

Ao longo do dia, as famílias debateram sobre o papel dos microorganismos e dos minerais na agricultura. Estes são responsáveis por produzir energia de diferentes formas, garantindo a reprodução de todas as formas de vida. 

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A formação trouxe o conhecimento camponês para o centro do debate da agricultura, pois rle é centrado na compreensão da natureza e seus ciclos de vida. Segundo Tomás Alvarenga, da equipe técnica do Programa, existem quatro energias principais responsáveis pela geração de energia: a putrefação, a fermentação, a fotossíntese e a respiração.

A primeira a surgir no planeta terra é a putrefação, que é responsável pela quebra ou decomposição de matéria orgânica na natureza. Depois, surgiu a fermentação, que é o processo de geração de gases, álcool e ácidos a partir do processo biológico de interação dos microorganismos com açúcares; a fotossíntese, que é a obtenção de energia através do sol; e a respiração, que é a troca de oxigênio e dióxido de carbono. 

O domínio desta vida no solo é a força da agricultura camponesa, que recupera terras degradadas. Segundo o teórico Sebastião Pinheiro, este processo é o “biopoder camponês”, ou seja, o poder da agricultura camponesa em produzir alimentos de forma sustentável e de alta qualidade, utilizando práticas agroecológicas e preservando o meio ambiente.

O agrônomo ressalta que o problema de técnicas de produção como arar a terra é a degradação do solo. “A terra é compactada e a raíz das plantas, como o milho por exemplo, não se firma na terra. Isso também empobrece o solo de nutrientes”, conta. Durante a prática de produção de diferentes bioinsumos, com destaque para a produção de E.M.  A técnica chamada E.M. (microorganismos eficientes) consiste na captura de energia através dos fungos presentes nas matas preservadas. Na oficina, as famílias fizeram armadilhas utilizando arroz e bambu para atrair os microorganismos eficientes, para atrair fungos de diferentes tipos e cores. 

Foto: Agatha Azevedo 

O procedimento consiste em furar o bambu, inserir o arroz cozido sem tempero, deixando abertura para a entrada de fungos, e inserir o artefato em diferentes pontos da mata para que os fungos colonizem o arroz. Após esse processo, que leva de 7 a 15 dias para ocorrer, o material é recolhido e se retiram os fungos de cor preta, que não são funcionais para a agricultura, e dilui-se os demais fungos em uma fonte de carboidrato, que pode ser melaço, ou outras fontes. Quanto maior a diversidade de cores dos fungos, mais rico é o bioinsumo produzido. Este produto é utilizado para melhorar a qualidade do solo. 

Para Tomás, essa tarefa é um ato de resistência do campo e combate à crise climática.”Muitas vezes as áreas de reforma agrária são terras que foram degradadas e desmatadas, e é preciso recuperar a vida no solo. Os fertilizantes, o adubo químico e o gado nos sistemas convencionais  empobrecem o solo. Então, o que fazemos é enfrentaro desmatamento e a exploração da terra com nosso trabalho”, afirma.

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Last Update: 22/08/2025