No ambiente corporativo atual, inovar deixou de ser uma vantagem competitiva para se tornar uma condição de sobrevivência. Com o avanço da transformação digital e a busca por novos modelos de negócio, o profissional de inovação passou a ocupar uma posição estratégica dentro das organizações.
Mais do que desenvolver produtos ou serviços inéditos, esse profissional atua na construção de uma cultura voltada à inovação. Ele integra áreas como estratégia, tecnologia e gestão da mudança, ajudando empresas a anteciparem tendências e se adaptarem com agilidade às transformações do mercado.
Perfil híbrido e atuação estratégica
Segundo Elisângela Lazarou Tarraço, Gerente de Inovação da G.A.C. Brasil, o profissional de inovação deve possuir um perfil híbrido. Isso significa reunir competências técnicas, visão de negócios e habilidades interpessoais.
“Ele deve ser um facilitador de mudanças, capaz de conectar diferentes áreas da empresa e incentivar um mindset inovador”, explica.
De acordo com a especialista, o impacto desse profissional vai além da empresa. Sua atuação envolve o ecossistema de inovação como um todo, com criação de parcerias estratégicas com startups, universidades e centros de pesquisa. Além disso, ele contribui para a geração de novos modelos de negócio, otimização de processos e melhoria da experiência do cliente.
Formação multidisciplinar e crescimento da demanda
Embora não exista uma formação única para essa área, cursos como Administração, Engenharia, Tecnologia e Gestão de Negócios estão entre os mais comuns. Ao mesmo tempo, especializações como MBAs em Inovação e Transformação Digital tornam-se diferenciais competitivos importantes.
Segundo Elisângela, a demanda por esses profissionais cresce à medida que as empresas precisam se adaptar às mudanças no comportamento do consumidor e à digitalização de processos. Setores como fintechs, healthtechs, indústria 4.0 e agronegócio digital lideram essa busca. Também há espaço nas áreas de mobilidade urbana, construção civil, alimentos e educação.
Migração e recrutamento: olhar além do currículo
A inovação é um campo aberto a profissionais de múltiplas origens. Segundo Elisângela, talentos inovadores podem surgir em qualquer área da empresa. O diferencial está na capacidade de desenvolver soluções viáveis que agreguem valor real ao negócio. Por isso, a análise curricular se torna secundária. O mais importante é avaliar a capacidade de transformar experiências anteriores em abordagens inovadoras e estratégicas.
“Eles devem ser vistos além de suas formações — em seu potencial de captar oportunidades e transformá-las em ideias concretas”, afirma.
Nesse processo de recrutamento, é recomendável analisar projetos já desenvolvidos, o perfil comportamental e realizar entrevistas em profundidade com foco em desafios práticos.
Características essenciais para a atuação em inovação
Como parte da estratégia organizacional, o profissional de inovação precisa enxergar o impacto das suas ações nos resultados da empresa. De acordo com Elisângela, algumas características são determinantes:
- Mentalidade empreendedora
- Curiosidade intelectual
- Capacidade analítica para consolidar diferentes visões
- Criatividade aplicada a problemas antigos e novos
- Habilidade de liderança e influência
- Resiliência e gestão de riscos
Essas competências são fundamentais para lidar com os altos níveis de incerteza e falhas que fazem parte do processo de inovação.
Frentes de atuação dentro das empresas
A inovação pode ocorrer em diferentes dimensões da organização. Entre as principais frentes em que esse profissional pode atuar, estão:
Inovação em Produtos e Serviços
Criação de novas ofertas ou reformulação das existentes, com foco em atender demandas emergentes do mercado.
Transformação Digital
Aplicação de tecnologias como inteligência artificial, blockchain, internet das coisas e realidade aumentada para melhorar processos e modelos de negócio.
Inovação em Processos
Revisão e otimização de fluxos operacionais com o objetivo de aumentar eficiência, reduzir custos e eliminar desperdícios.
Transformação Organizacional
Mudanças na cultura e estrutura da empresa para estimular um ambiente inovador, aberto ao aprendizado e à experimentação.
Corporate Venture e Inovação Aberta
Criação de hubs internos, aceleração de startups e construção de parcerias externas que alimentem o pipeline de inovação.