Os professores e orientadores das escolas públicas do Distrito Federal decidiram, na última terça-feira (27), iniciar uma greve por tempo indeterminado a partir da próxima segunda-feira (2). A decisão, tomada em assembleia no Eixo Cultural Ibero-Americano, em Brasília, responde à recusa do governo distrital em negociar reajustes salariais e melhorias na carreira. Em retaliação, o governo distrital entrou na Justiça contra a greve, alegando uma suposta ilegalidade. “A paralisação é abusiva e prejudica os estudantes”, disse a secretária de Educação, Hélvia Paranaguá.
O Sindicato dos Professores (Sinpro-DF) exige 19,8% de aumento, reestruturação do plano de carreira, redução do tempo para atingir o topo da tabela salarial e pagamento dobrado para titulações de especialização (5%), mestrado (10%) e doutorado (15%). O diretor do Sinpro, Samuel Fernandes, afirmou: “agora é greve, e a culpa é do governo.”
“Todo mundo sabe que [o governador] Ibaneis Rocha abre mão de bilhões do orçamento do DF em renúncias fiscais e perdões de dívidas, então, não dá para aceitar o argumento de que não tem dinheiro”, afirmou a diretora do Sinpro Márcia Gilda. “O que está faltando a esse governo não é dinheiro, é vontade política, é tratar com prioridade a educação pública, a educação do seu povo”, completou.
O sindicato informou que as negociações começaram no início de 2025, mas, em 21 de maio, o governo do Distrito Federal comunicou que não apresentaria propostas. Os educadores também cobram a nomeação de professores efetivos e melhores condições de trabalho.
Dados do Sinpro mostram que 20% das vagas docentes estão desocupadas, sobrecarregando os profissionais. Em 2024, o DF registrou 15 mil evasões escolares, segundo a Secretaria de Educação, refletindo a precariedade do sistema. O governo distrital ameaçou cortar salários e abrir processos administrativos contra grevistas, intensificando a tensão.
A paralisação ganhou apoio de pais e alunos, com 60% das escolas aderindo a atos preparatórios, conforme o Sinpro. A greve ocorre em um cenário de arrocho fiscal, com o orçamento da educação reduzido em 8% em 2025, segundo o Tribunal de Contas do DF. Independente do que consideram os inimigos do povo encastelados no governo distrital ou na burocracia judicial, a mobilização dos educadores é legítima e deve ser respaldada pelas organizações de esquerda até que as reivindicações sejam atendidas, garantindo dignidade aos profissionais e qualidade à educação pública.