Enquanto EUA adotam tarifas para proteger a indústria, a China aposta em avanços tecnológicos para manter sua liderança global na produção de aço
A Associação Chinesa do Ferro e do Aço informou que a produção de aço da China ultrapassou 350 milhões de toneladas no primeiro trimestre, um aumento de 6,1% em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo reportagem da China Central Television (CCTV) nesta domingo (11).
Apesar dos desafios externos, o setor siderúrgico chinês continuou focando em melhorias internas, fortalecendo a base para o setor manufatureiro como um todo. Esse cenário contrasta com a estratégia dos EUA, que tenta revitalizar sua indústria siderúrgica por meio de tarifas protecionistas.
Em março, os EUA impuseram uma tarifa de 25% sobre as importações de aço e alumínio, afetando significativamente a cadeia global de suprimentos. Mesmo sob pressão externa, a indústria chinesa não interrompeu seu avanço, investindo ainda mais em inovação tecnológica e transição para baixo carbono, visando um futuro mais sustentável e competitivo. Até 20 de abril, 141 empresas do setor já haviam concluído atualizações para reduzir emissões, cobrindo uma capacidade produtiva de aproximadamente 591 milhões de toneladas, de acordo com a CCTV.
De 1949 a 2023, a produção de aço da China saltou de 158 mil toneladas para impressionantes 1,019 bilhão de toneladas. Desde que ultrapassou a marca de 100 milhões de toneladas em 1996 e se tornou a maior produtora global, o país mantém sua liderança tanto na produção quanto no consumo mundial.
O avanço incluiu a fabricação de produtos siderúrgicos especializados e de alta qualidade, saindo de materiais básicos para itens avançados, como o aço ultrafino “hand-torn steel” e o aço superfino para pontas de caneta, destinados a mercados tecnológicos sofisticados.
Enquanto os EUA focam em tarifas para proteger sua capacidade produtiva defasada, a China prioriza a inovação tecnológica, eliminando capacidades obsoletas e promovendo atualizações que impulsionam a competitividade e o desenvolvimento sustentável.
Este ano, o uso de materiais reciclados em vez de minério de ferro na produção já apresentou resultados significativos, reduzindo as emissões de CO₂ em mais de 67% comparado ao método tradicional.
Na China, acredita-se que pressões externas devem ser convertidas em fortalecimento interno. O setor siderúrgico, essencial para diversas indústrias, exemplifica essa mentalidade: seu desenvolvimento contínuo e inovações em produtos de alto valor garantem a estabilidade do setor manufatureiro em um cenário internacional complexo.
Diante do crescimento econômico global lento e das tensões comerciais, o setor enfrenta incertezas externas. Jiang Wei, secretário-geral da Associação Chinesa do Ferro e do Aço, afirmou à CCTV que a indústria está respondendo com foco em eficiência econômica e desenvolvimento de qualidade para assegurar melhoria contínua.
Já os EUA optaram por um caminho diferente: em meio à competição internacional, tentam proteger sua indústria com tarifas, o que pode manter capacidades ultrapassadas e elevar preços do aço, impactando toda a cadeia produtiva.
“Tarifas são inflacionárias por natureza e vão aumentar os preços tanto do aço doméstico quanto do importado”, disse Earl Simpkins, sócio da PwC, à Reuters. O aço é amplamente utilizado em diversos produtos industrializados.
Os rumos distintos adotados por China e EUA terão implicações profundas no setor manufatureiro. Se o protecionismo ou a inovação tecnológica prevalecerão como força motriz do desenvolvimento industrial, só o tempo dirá.