A Procuradoria-Geral da República (PGR) está considerando juntar todos os indiciamentos feitos pela Polícia Federal (PF) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e apresentar uma denúncia única ao Supremo Tribunal Federal (STF). Bolsonaro já foi indiciado por fraudes no cartão de vacinação, investigação ainda em fase de diligências complementares, e recentemente pelo caso da venda de joias no exterior.
O relatório da PF sobre a participação do ex-presidente em uma tentativa de golpe de Estado, que teve seu principal marco em 8 de janeiro de 2023, ainda está pendente, com expectativa de ser elaborado antes de 16 de agosto, início da campanha eleitoral.
A hipótese de unificação dos casos é cogitada pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, com o objetivo de robustecer as provas e adiar a acusação para um momento pós-eleições.
Segundo a CNN Brasil, auxiliares de Gonet o descrevem como um procurador-geral cauteloso, não descartando a possibilidade de ele solicitar novas diligências na investigação das joias, assim como fez no caso do cartão de vacinação. A expectativa aumentou especialmente depois que a própria PF detectou um equívoco nas cifras envolvidas e solicitou ao Supremo uma correção no relatório.
Interlocutores de Gonet afirmam que ele não vai deixar o erro passar batido e pode requerer uma explicação mais detalhada da PF sobre o motivo do erro.
Essa abordagem pode coincidir com o “timing” da eventual denúncia, prevista para depois das eleições municipais de outubro. Gonet tem dito a pessoas próximas que isso pode evitar que seus atos formais sejam usados na campanha ou interpretados como possível perseguição.
Segundo aliados próximos a Bolsonaro, ele pode mudar a postura de sua defesa na investigação desde que passou a falar claramente que determinou a venda das joias após o relatório da PF se tornar público na última segunda (8). De acordo com essas fontes, a confissão deve ser uma consequência dos detalhes do inquérito, que mostrou sua participação no repasse dos objetos nos Estados Unidos.
Nos bastidores, o ex-presidente tem dito a interlocutores que “não tinha o que fazer com aquilo [as joias]” e, por isso, mandou “passar para frente”. Ele vinha negando conhecimento e participação no esquema, mas decidiu mudar de postura após as provas tornadas públicas pela corporação.