Armas de fogo apreendidas em operação realiza da Rocinha. Foto: Reprodução

No último sábado (31), uma megaoperação realizada na Rocinha, Zona Sul da capital fluminense, expôs uma facção criminosa do Ceará com apoio logístico do Comando Vermelho (CV). A ação conjunta mobilizou Ministérios Públicos e Secretarias de Segurança Pública do Rio de Janeiro e do Ceará, com o objetivo de prender integrantes da cúpula do grupo, responsável por mais de mil homicídios no estado nordestino nos últimos dois anos.

Segundo o procurador-geral de Justiça do Rio, Antonio José Campos Moreira, os criminosos utilizavam motosserras para esquartejar vítimas e gravavam vídeos de execuções, incluindo cenas em que jogavam futebol com as cabeças dos mortos. A ofensiva visava prender os líderes da facção, que operavam à distância de uma mansão de luxo no alto da Rocinha, equipada com duas piscinas aquecidas, cascata, área gourmet e uma espécie de alojamento para receber membros vindos do Nordeste.

O secretário de Segurança Pública do Rio, Victor Cesar Carvalho dos Santos, afirmou que todos os alvos são do Ceará e filiados ao Comando Vermelho. A presença da facção na cidade foi facilitada por redes criminosas já estabelecidas no Rio. Santos destacou ainda que o fenômeno do “home office” do crime se intensificou com a pandemia e a decisão do STF na ADPF 635, que restringe operações policiais em comunidades cariocas.

A operação mobilizou cerca de 400 agentes do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e outras unidades, além de drones e helicópteros que transmitiam imagens em tempo real ao Quartel-General da Polícia Militar. O governador Cláudio Castro acompanhou a ação ao lado de promotores e chefes de segurança dos dois estados. Durante a fuga dos criminosos para a mata da Rocinha, houve troca de tiros e um policial foi baleado no pescoço, mas passa bem.

Mansão na Rocinha, Zona Sul do Rio, usada por criminosos cearenses, tinha duas piscinas aquecidas e área gourmet.
Mansão na Rocinha, Zona Sul do Rio, usada por criminosos cearenses — Foto: Divulgação

A investigação é fruto do trabalho conjunto entre os Grupos de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Rio e do Ceará. A operação foi coordenada pela Coordenadoria de Segurança e Inteligência do MPRJ, com 80 agentes das forças especiais, visando o cumprimento de 29 mandados de prisão e 14 de busca e apreensão.

Durante a ação, foram apreendidos quatro fuzis, duas pistolas, um revólver, um fuzil de airsoft, além de munições e drogas. Um dos foragidos com mandado de prisão foi capturado. Estima-se que aproximadamente 400 criminosos conseguiram fugir para áreas de mata.

O cenário encontrado na mansão chamou atenção dos policiais. Indícios de uma festa recente foram observados, com carnes, gelo e bebidas ainda no local. A casa também abrigava uma academia com equipamentos novos e um deck panorâmico.

O imóvel é atribuído a Anastácio Paiva Pereira, conhecido como “Doze” ou “Paizão”, apontado como líder do tráfico em Santa Quitéria, no Ceará. Ele possui cinco mandados de prisão em aberto por homicídio, tráfico de drogas e organização criminosa.

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Last Update: 01/06/2025