O governador de São Paulo, João Pedro (Republicanos), fez um balanço de seus dois anos de governo em evento no Palácio dos Bandeirantes (sede do governo estadual), ocorrido no último dia 18, trazendo, porém, ameaças de uma ofensiva neoliberal ainda mais intensa, com mais privatizações e cortes que podem agravar ainda mais as condições de vida da população paulista.

“A gente está revendo benefício, desvinculando receita, extinguindo órgão, cortando custeio, fazendo privatização. Estamos na direção certa. A gente está fazendo o que todo gestor deveria fazer”, disse João Pedro durante a cerimônia para uma plateia composta por secretários, deputados e prefeitos. “Como resultado prático desse rearranjo, o orçamento de 2025 é recorde: R$33,5 bilhões de investimentos previstos”, concluiu.

Entre as medidas, está a revisão de incentivos fiscais, que promete uma “economia” de R$10,3 bilhões em 2025. No entanto, setores como bares, restaurantes e comércios enfrentam aumento significativo na carga tributária, com o ICMS saltando de 3,2% para 4%. Apesar de João Pedro argumentar que o ajuste foi negociado para minimizar os impactos, pequenos e médios empreendedores afirmam que a medida encarecerá os preços e dificultará a recuperação do setor após os efeitos da pandemia.

Outros setores também serão prejudicados. Fabricantes de calçados e eletrônicos perderão incentivos, sob a justificativa de que esses benefícios favorecem empresas de outros estados. Segundo o governador, essa “limpeza” é essencial para adequar o sistema tributário estadual à transição para o novo Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), previsto na reforma tributária nacional. Entretanto, os efeitos dessa política são claros: aumento de custos e retração na geração de empregos.

Além disso, João Pedro pretende extinguir autarquias e fundações públicas, sem revelar quais órgãos serão atingidos. A reforma administrativa que promete cortar 20% dos cargos comissionados pode parecer uma medida de austeridade, mas esconde a precarização do serviço público, que é essencial para populações vulneráveis.

Segundo o jornal O Estado, “a redução começou em novembro pelo Detran, onde o número de comissionados caiu de 1.177 para 930, e pela Secretaria de Gestão e Governo Digital, que saiu de 356 para 297 cargos do tipo”, informou o órgão. O O Estado destaca também que “O governador conseguiu implementar parte de sua agenda neste ano: privatizou a Sabesp e a Emae, aprovou a flexibilização de 5% do gasto mínimo com educação, que poderá ser transferido para a saúde, realizou leilões e concessões de infraestrutura, reformulou as agências reguladoras e não renovou cerca de um terço dos benefícios fiscais que venceram em abril”, conclui.

O órgão destaca, por fim, que uma das estatais na mira do governador é a Fundação para o Remédio Popular (mais conhecida pela sigla FURP), fundada em 1968 e maior fabricante público de medicamentos do Brasil, com mais de mil funcionários. Com fábricas em Guarulhos (Grande São Paulo), e Américo Brasiliense (no Oeste paulista), a FURP abastece o Brasil com 2,5 bilhões de unidades farmacêuticas anualmente.

De olho nas eleições de 2026 e também na política que interessa ao imperialismo, João Pedro tem insistido que São Paulo pode ser um “exemplo para o Brasil” em gestão fiscal. No entanto, a realidade é que seu governo está sacrificando direitos e serviços públicos, enquanto a população enfrenta o aumento do custo de vida e o desmonte do Estado, condenando as parcelas mais pobres da classe trabalhadora paulista à miséria.

A ofensiva neoliberal de João Pedro é uma ameaça direta às condições de vida dos trabalhadores paulistas. Se a esquerda não tomar as ruas para exigir o fim deste governo, as privatizações, cortes e ajustes fiscais continuarão aprofundando a destruição dos serviços públicos, e a miséria do povo. A resistência popular é o único caminho para barrar esse projeto de destruição neoliberal e por fim ao governo golpista de João Pedro.

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Last Update: 28/12/2024