Há pouco mais de um ano da privatização da Sabesp, os impactos negativos já são sentidos pelos trabalhadores e pela população. A maior companhia de saneamento da América Latina foi vendida a preço abaixo do mercado, sem concorrência real, e com promessas de eficiência que não se sustentam diante da realidade de: demissões em massa, aumento de vazamentos e a explosão das tarifas.
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Desde que perdeu seu controle público, a empresa já demitiu mais de 2 mil trabalhadores, sendo metade apenas no primeiro trimestre de 2025. A redução de equipes técnicas e o avanço das terceirizações têm gerado precarização nas condições de trabalho, insegurança nos serviços prestados e riscos ambientais, como os vazamentos de esgoto na Represa do Guarapiranga e próximo à Rodovia Castelo Branco.
“O clima entre os trabalhadores e trabalhadoras é de medo e incerteza. Muitos aderiram ao PDV por pressão das chefias e falta de garantias sobre seu futuro. Com quadro deficitário e sob a lógica privatista, o que se vê na Sabesp é um filme de terror contra o qual resistimos por anos”, afirma José Faggian, presidente do Sintaema.
Tarifas abusivas e CPI barrada
Para a população, a conta também ficou mais cara. Desde o início da privatização, denúncias de aumentos abusivos tomaram conta das redes. Há casos em que contas que giravam em torno de R$ 70 saltaram para cerca de R$ 500 em poucos meses. A pressão levou vereadores da Bancada do Partido dos Trabalhadores a proporem uma CPI em São Paulo, que acabou barrada na Câmara.
Na cidade de Carapicuíba, uma comissão investiga a piora no atendimento, aumento de tarifas e o impacto da nova política da empresa. Mesmo com promessas de ampliação da tarifa social, o modelo de privatização tem aprofundado desigualdades e deixado comunidades periféricas à margem dos investimentos. “Hoje, vemos a Sabesp gastar milhões em comerciais na TV, Rádio e publicidade em jornais impressos para maquiar essa realidade que enfrentamos diariamente a dia”, dispara o presidente do Sintaema.
Lucro para poucos, prejuízo para muitos
Enquanto corta trabalhadores e encarece a vida da população, a Sabesp agora prioriza a distribuição de lucros para acionistas. A política de dividendos, que antes era de 25%, pode chegar a 100% até 2030. O caixa da empresa disparou, saindo de R$ 1,18 bilhão no fim de 2024 para R$ 1,95 bilhão em apenas três meses.
A lógica é clara: menos investimento em pessoal e manutenção, mais retorno para investidores. O novo modelo de gestão favorece os interesses do mercado, enquanto os serviços públicos essenciais se transformam em mercadoria.
Sintaema na luta!
O Sintaema esteve na linha de frente da resistência contra a privatização e segue firme na defesa dos direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras, da qualidade dos serviços prestados e do acesso universal ao saneamento.
“Denunciamos o desmonte da empresa e exigimos que os órgãos de fiscalização atuem com rigor diante do descumprimento das metas e dos prejuízos causados à população”, referenda o Sindicato.
O Sintaema seguirá vigilante, mobilizado e pronto para lutar contra esse modelo de privatização predatório, que sacrifica trabalhadores, penaliza os mais pobres e transforma direitos em lucros para poucos.
Saneamento é direito, não mercadoria!