
A prisão do ex-presidente Fernando Collor, determinada por Alexandre de Moraes na última quinta-feira (24), acendeu o sinal de alerta entre aliados de Jair Bolsonaro.
A avaliação no entorno do ex-presidente é de que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) caminha para acelerar o desfecho das investigações envolvendo Bolsonaro, especialmente no caso da suposta trama para impedir a posse de Lula, e não deverá aceitar recursos que forem considerados meramente protelatórios.
Moraes mandou prender Collor após o STF já tê-lo condenado, em maio de 2023, a oito anos e dez meses de prisão por envolvimento em um esquema de corrupção na BR Distribuidora, dentro da Operação Lava Jato. Apesar dos recursos apresentados pela defesa, Moraes rejeitou os embargos mais recentes de forma monocrática, autorizando o início imediato do cumprimento da pena.
A medida será referendada ainda nesta sexta-feira (25), em uma sessão extraordinária do plenário virtual da Corte.
Na decisão, Moraes afirmou que “o caráter procrastinatório do recurso pode e deve ser reconhecido monocraticamente pelo ministro relator”.
A atuação firme de Moraes causou preocupação entre os aliados de Bolsonaro, especialmente porque a defesa do ex-presidente vê nos recursos um dos pilares para ganhar tempo e tentar evitar uma condenação antes do fim do ano.
Segundo fontes próximas ao caso, ouvidas pelo Globo, há um temor real de que a Primeira Turma do STF conclua o julgamento de Bolsonaro por tentativa de golpe até outubro — e que, caso os embargos sejam julgados rapidamente, ele possa ser preso antes do recesso do Judiciário em dezembro.
Caso Moraes adote a mesma linha dura aplicada contra Collor, recusando os segundos embargos, a defesa de Bolsonaro teme que não haja espaço para manobras jurídicas e que o ex-presidente também possa ser alvo de uma ordem de prisão imediata.
Fernando Collor foi condenado por receber R$ 20 milhões, com apoio dos empresários Luis Pereira Duarte de Amorim e Pedro Paulo Bergamaschi de Leoni Ramos, para favorecer contratos da BR Distribuidora com a UTC Engenharia. Em troca, oferecia apoio político para nomeação e manutenção de diretores da estatal.
O STF já havia negado o primeiro recurso do ex-senador em novembro de 2023, mas um pedido de destaque do ministro André Mendonça adiou o julgamento final. Agora, com a rejeição dos segundos embargos por Moraes, abre-se um precedente que, na visão de aliados de Bolsonaro, poderá ser replicado em seu caso.
Com isso, o clima de apreensão cresce no entorno do ex-presidente, que enxerga nos próximos meses um risco real de condenação e prisão, num cenário cada vez mais apertado politicamente e juridicamente.