Na manhã dessa quarta-feira (19), uma operação policial prendeu Ekrem Imamoglu (CHP, Partido Republicano do Povo), prefeito de Istambul e principal rival do presidente Recep Tayyip Erdogan (AKP, Partido da Justiça e Desenvolvimento). A detenção ocorre dias antes da prevista nomeação de Imamoglu como candidato presidencial pelo CHP, agendada para domingo (23).
Imamoglu é investigado por acusações de corrupção e ligações com “terrorismo”. Promotores acusam o prefeito de Istambul de liderar uma “organização criminosa” e de auxiliar o PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão), organização considerada “terrorista” pela Turquia, União Europeia, pelo Reino Unido e pelos Estados Unidos. Além de Imamoglu, aproximadamente 100 pessoas foram detidas, incluindo políticos, jornalistas e empresários.
De acordo com a imprensa local, o governo turco fechou várias ruas e suspendeu os serviços de metrô e ainda impôs uma medida de lockdown de 4 dias na cidade, proibindo manifestações, reuniões e declarações à imprensa, alegando necessidade de “preservar a ordem pública”. Logo após sua detenção, Imamoglu, através de seu perfil no X, deixou uma mensagem aos seus apoiadores.
“A vontade do povo não pode ser silenciada por meio de intimidação ou atos ilegais. Eu permaneço resoluto, confiando-me não apenas aos 16 milhões de moradores de Istambul, mas aos 86 milhões de cidadãos da Turquia e a todos que defendem a democracia e a justiça em todo o mundo. Eu permaneço firme em minha luta pelos direitos e liberdades fundamentais”.
A eleição presidencial na Turquia está marcada para 2028. Um dia antes da operação, a Universidade de Istambul anulou o diploma de Imamoglu, citando uma “transferência fraudulenta” de uma faculdade do norte do Chipre, decisão que poderia impedi-lo de concorrer à presidência, já que a constituição turca exige ensino superior completo para candidatos.
De acordo com o Poder 360, Ozgur Ozel, presidente do CHP, classificou a operação como “uma tentativa de golpe contra nosso próximo presidente” e convocou a oposição a se unir. O partido confirmou que manterá a nomeação de Imamoglu, independentemente da situação. A Human Rights Watch pediu a libertação imediata do prefeito, chamando as acusações de “politicamente motivadas e falsas“. O governo turco nega motivações políticas e diz que o judiciário é independente.