
O deputado federal bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG) levou mais de dois dias para responder sobre a prisão em flagrante de seu primo Glaycon Raniere de Oliveira Fernandes por tráfico de drogas.
“Quem é preso com drogas merece cadeia”, escreveu no X, totalmente constrangido. Vitimista, lançou também uma teoria conspiratória: “Porque mesmo meu primo sendo preso há 7 dias, fizeram questão de noticiar no meu aniversário”.
Glaycon, de 28 anos, foi encontrado com 30 kg de maconha e 4g de cocaína em seu carro numa batida de rotina da Polícia Militar. Ele segue no Presídio Professor Jacy de Assis, em Uberlândia — um lugar que, como revelado em investigações da operação “Decretados”, do Grupo de Atuação especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), é quase totalmente controlado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC).
Os integrantes do PCC no presídio mantinham contato com membros soltos, seguindo ordens para cometer crimes e movimentar dinheiro para a organização criminosa.
Documentos públicos revelam que o pai de Glaycon, Enéas Fernandes, recebeu apoio político de Nikolas Ferreira durante a campanha à prefeitura de Uberlândia em 2024, e a região onde Enéas fez sua campanha foi beneficiada com emendas parlamentares de Nikolas.
Vejamos o caso de Glaycon em comparação ao de MC Poze do Rodo.
Poze foi preso em sua casa em um condomínio no Rio de Janeiro e, durante a triagem no sistema prisional, declarou não ter problemas em conviver com o Comando Vermelho (CV), sendo direcionado a uma unidade prisional que abriga membros da facção.

Não se trata de confissão de culpa: a fim de evitar conflitos, as cadeias do RJ são divididas entre facções. Poze poderia morrer se fosse para o lugar “errado”.
Glaycon se declarou faccionado?
Em publicação nas redes sociais, o deputado André Janones (Avante-MG) sugeriu que as investigações devem avançar sobre o uso de dinheiro público por aliados do parlamentar mineiro.
“Ao contrário do que fazem comigo, não serei baixo nem leviano. É importante mencionar que, até o momento, não há nenhuma prova cabal que ligue Nikolas Ferreira ao narcotráfico. No entanto, as investigações seguem, e novas revelações podem surgir a qualquer momento”, completou.
“Ainda não está comprovado se as emendas de Nikolas foram realmente utilizadas para financiar o tráfico de drogas na família”.