Na última terça-feira (3), o presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, decretou uma lei marcial no país durante um pronunciamento surpresa em rede de televisão. Yoon afirmou que a decisão era necessária para proteger o país das forças comunistas da Coreia do Norte e proteger a “ordem constitucional liberal da República da Coreia”.

A oposição, liderada por Lee Jae-myung, presidente do Partido Democrático, condenou a declaração de lei marcial, chamando-a de inconstitucional. Lee pediu que os membros de seu partido se reunissem na Assembleia Nacional para tentar reverter a medida. Ele também convocou manifestações públicas em frente à Assembleia. Pouco depois de Yoon fazer seu anúncio, as pessoas começaram a se reunir do lado de fora do prédio do parlamento, algumas delas gritando: “retirem a lei marcial de emergência!”“prendam Yoon Suk Yeol”.

Milhares foram às ruas, mas as tensões não deram lugar à violência, apesar da presença militar. Os legisladores conseguiram contornar as barricadas e, quando chegaram à câmara, votaram unanimemente para bloquear o decreto durante uma sessão de emergência tarde da noite, com 190 dos 300 membros da Assembleia Nacional da Coreia do Sul presentes. Sem sustentação, Yoon disse que iria reverter sua decisão.

Em declaração à emissora catarense Al Jazeera, Min Jun-shik, 43, que estava tirando fotos das manifestações disse: “Isso me lembra de alguns anos atrás, quando enfrentamos o frio para pedir a renúncia de Park Geun-hye”, disse Min, referindo-se ao primeiro impeachment presidencial do país, em 2017. Park — que foi presidente de 2013 a 2017 — sofreu impeachment e depois foi condenada pelo Tribunal Constitucional do país por acusações de corrupção vinculadas à influência extraconstitucional exercida por um assessor.

Seis partidos de oposição, incluindo o Partido Democrata, entraram com uma moção de impeachment contra Yoon na quarta-feira (4). A Yonhap News Agency relatou que a votação da moção provavelmente ocorrerá em 6 ou 7 de dezembro. Kim, da Al Jazeera, relatou que os pedidos de impeachment de Yoon não são novos. Pessoas que não votaram em Yoon organizaram vários comícios nos últimos meses. “Eles sentem que são retidos pelo governo conservador”, disse Kim.

Segundo a constituição da Coreia do Sul, dois terços dos membros da Assembleia Nacional são obrigados a votar para destituir um presidente em exercício. Os partidos de oposição, incluindo o Partido Democrata, têm um total de 192 assentos. Eles precisariam do apoio de pelo menos oito membros do Partido do Poder Popular de Yoon para aprovar a moção de impeachment.

Se a moção for aprovada, Yoon será temporariamente destituído de sua autoridade presidencial até que o Tribunal Constitucional decida seu destino. Seis dos nove juízes do tribunal precisam votar para manter o impeachment e destituir Yoon.

O ministro da Defesa, Kim Yong-hyun, também enfrenta um processo de impeachment e apresentou sua renúncia, após se desculpar e assumir total responsabilidade. Outros altos funcionários também propuseram a demissão, embora as demissões devam ser aceitas pelo presidente.

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Last Update: 05/12/2024