
Morto nesta terça-feira (13) em decorrência de um câncer no esôfago, aos 89 anos, José “Pepe” Mujica teve uma história especial com seu carro.
Filho de um agricultor, largou a faculdade de Direito no último ano do curso, foi guerrilheiro contra a ditadura uruguaia nos anos 1970, vivia num sítio, doava 70% do salário de presidente e só oficializou a união com Lucia Topolansky, sua esposa há mais de 50 anos, apenas em 2005.
Fugindo da tradição dos presidentes em terem carros de luxo ou blindados, Mujica tinha um VW Fusca 1987 azul – fabricado no Brasil.
O veículo de Mujica, apesar de simples, era cobiçado por sua raridade. Em 2014, numa cúpula do G77, uma reunião das economias emergentes fora do G20, Mujica recebeu uma proposta de um sheik árabe para vender o seu carro.
Na reunião entre os presidentes do G77, ocorrida na Bolívia, o milionário árabe ofereceu US$ 1 milhão – cerca de R$ 2,5 milhões à época – ou R$ 5,7 milhões em valores atuais, para vender o “besouro” azul.
De acordo com o semanário uruguaio Búsqueda, o presidente uruguaio chegou a estudar a proposta. O objetivo era doar o dinheiro a uma universidade uruguaia ou para o programa de habitação social Plan Juntos.
Esta não foi a única vez na qual Mujica foi “tentado” a vender seu folclórico Fusca 1987 azul. O ex-presidente recebeu ainda uma oferta de Felipe Enriquez, embaixador mexicano no Uruguai. Trocar o Fusca por 10 picapes 4×4. Mujica pensou em doar as caminhonetes para o Ministério da Saúde do Uruguai, mas recuou da oferta.
Questionado sobre as ofertas, Mujica respondeu: “Tenho uma pá e um martelo usados pelo meu pai, agricultor. Os seres humanos tem algum fetiche por símbolos materiais, é o caso desse Fusca”.
Vários líderes presidenciais e personalidades famosas, ao visitarem o Uruguai, tiraram fotos com Mujica dentro do charmoso fusquinha. Um deles foi o presidente Lula, cuja foto com Mujica em 2023 viralizou nas redes sociais.