A presidente do Palmeiras, Leila Pereira, condenou e chamou de “ato inaceitável” um “protesto” supostamente realizado por torcedores do Botafogo antes da partida entre as duas equipes na quarta-feira 17, no Rio de Janeiro. Dois bonecos “enforcados” foram pendurados em uma estrutura próxima ao estádio Nilton Santos, o “Engenhão”, sede do jogo. Um deles representava a própria Leila; o outro, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ednaldo Rodrigues.
“Lamento este ato inaceitável, bem como qualquer tipo de hostilidade no ambiente do futebol. A rivalidade deve sempre se restringir ao campo de jogo. Entendo que o esporte precisa de dirigentes responsáveis, que não fomentem a violência”, disse ao UOL a presidente do clube paulista.
A fala de Leila deixa implícito um recado ao empresário norte-americano John Textor, proprietário da SAF (empresa gestora do futebol) do Botafogo. Desde o ano passado eles têm trocado farpas, especialmente após um jogo vencido pelo Palmeiras por 4 a 3, no Rio. Ao fim da partida, Textor falou em “corrupção” e também fez críticas diretas a Ednaldo Rodrigues e à CBF, insinuando favorecimento ao time paulista.
Nos meses que se seguiram, Textor insistiu na tese de que o Palmeiras teria sido favorecido, o que acirrou mais os ânimos. O caso chegou ao Congresso em uma Comissão Parlamentar de Inquérito sobre manipulação de jogos e apostas esportivas.
Ao fim da temporada de 2023, o clube presidido por Leila Pereira conquistou o título do Campeonato Brasileiro e o Botafogo, que liderou o torneio por mais de 30 rodadas e chegou a abrir mais de dez pontos de vantagem, terminou em quinto.
Diante do cenário, a partida desta quarta-feira já estava cercada de tensão. Leila Pereira decidiu não viajar de São Paulo ao Rio para acompanhar o jogo. “Entendo que o foco precisa estar no campo. Afinal, a partida é entre Botafogo e Palmeiras, e os jogadores são os astros do espetáculo. Infelizmente, ao ver estas imagens assustadoras, concluo que a decisão de não comparecer ao estádio foi correta”, disse, também ao UOL, sobre o episódio com os bonecos “enforcados”.
Depois que as imagens do “protesto” viralizaram, as forças policiais foram acionadas e os bonecos foram retirados. Ao fim da partida, vencida pelo Botafogo por 1 a 0, Textor tentou apaziguar os ânimos e pediu desculpas a Leila e Ednaldo. Em nota oficial, o clube carioca afirmou que “repudia veementemente as ameaças e atos criminosos”. Até a publicação deste texto, a CBF não havia se manifestado.