Leia abaixo a íntegra do pronunciamento feito pelo presidente da CTB no IX Congresso Ordinário da Confederação Intersindical Galega (CIG), que foi aberto nesta sexta-feira (23) na cidade de Santiago de Compostela, na Galícia, Espanha. Abaixo, depois do texto em português, as versões em espanhol e inglês:
A classe trabalhadora enfrenta, hoje, uma conjuntura crítica e desafiadora. Presenciamos a decomposição da ordem capitalista mundial comandada pelos EUA, a falência do neoliberalismo e a ressurreição e ascensão do nazi-fascismo, que se apresenta com novas roupagens e configura o último refúgio e recurso do capitalismo em crise.
Como sempre ao longo da história, a resposta do capital à crise que sacode a sociedade burguesa consiste em aumentar o grau de exploração sobre a força de trabalho. Com este objetivo está em curso uma ofensiva contra o Direito do Trabalho que não encontra paralelo na história.
A agenda da classe dominante é orientada pelo propósito de destruir a qualquer preço as conquistas e direitos arrancados na luta de classes pelos trabalhadores e trabalhadoras durante os últimos três séculos, de forma a que as relações sociais de produção retrocedam ao padrão vigente nos primórdios do capitalismo.
A apropriação e manipulação das novas tecnologias pela alta burguesia opera neste mesmo sentido, contribuindo para a desregulamentação e precarização do mercado de trabalho, individualização dos contratos e o estabelecimento de um ambiente sócio-econômico carente de garantias elementares para os trabalhadores e trabalhadoras. É o que prevalece com a chamada uberização e a exploração do trabalho no capitalismo de plataformas.
No plano ideológico, o capital trabalha no sentido de dividir nossa classe, impedir o acesso à consciência de classes e destruir todos os vestígios de identidade classista, razão pela qual, por exemplo, os trabalhadores são cinicamente chamados de colaboradores no idioma empresarial contemporâneo, por sinal hegemônico na mídia burguesa.
O cenário internacional é inquietante. A corrida às armas se intensifica. Os líderes imperialistas de uma Europa decrépita e sem rumo anunciaram a criação de um fundo de 800 bilhões de euros para investimentos bélicos É uma clara aposta na perspectiva de uma Terceira Guerra Mundial, cujos riscos não devem ser negligenciados.
Os recursos bilionários anunciados para a indústria da guerra e da morte certamente serão subtraídos do orçamento social, ou seja, dos investimentos em saúde, educação e bem estar da população. Quem vai pagar esta conta, no final, é a classe trabalhadora, que também deve servir de bucha de canhão nas aventuras bélicas que estão sendo planejadas pelo imperialismo.
Indiferente à forte onda de indignação que avança em todo o mundo, o governo neonazista de Israel prossegue com o genocídio do povo palestino e já não esconde o propósito criminoso de completar a limpeza étnica para ocupar a Faixa de Gaza, a despeito da ONU. A empreitada colonialista é levada a cabo pelo Estado sionista sob o guarda chuva do governo imperialista dos EUA e a cumplicidade das potências europeias.
Também prossegue sem solução a guerra entre Rússia e Ucrânia, que a bem da verdade deve ser caracterizada como uma guerra de procuração do chamado Ocidente, através da OTAN, contra a Federação Russa. Não se pode esquecer que na origem do conflito está a provocadora expansão da OTAN pelo leste europeu, permeada por golpes travestidos de revoluções coloridas envolvendo os países que compunham a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.
O drama vivido agora pela humanidade é agravado pela crise climática, que avança em meio à desordem global sem esperança de solução nos marcos do sistema capitalista.
De outro lado, em contraposição à decadência e decomposição da ordem imperialista, observa-se a ascensão da China e do Brics, que foi fortalecido e ampliado em suas duas últimas cúpulas.
Este movimento de nações à margem dos centros imperialistas, liderado pela China, desenha uma nova ordem mundial e enseja perspectivas promissoras para os países mais pobres, oprimidos pelo tacão neocolonialista do imperialismo. Fundado em 2009, o bloco geopolítico já soma um PIB superior ao outrora todo poderoso G7, em franca decadência.
Diante deste quadro é preciso intensificar a resistência e a luta classista, redobrar os esforços de conscientização da classe trabalhadora, direcionar o combate contra o sistema capitalista e apontar o socialismo como única alternativa à crise do sistema que está conduzindo a humanidade ao caminho da guerra e da barbárie.
Cresce a necessidade de realizar uma campanha global de denúncia do sistema capitalista-imperialista, bem como das agressões colonialistas e sionistas, e em defesa do socialismo, ideal maior da classe trabalhadora em todo o mundo.
É imperioso resgatar o internacionalismo proletário e o espírito da palavra-de-ordem revolucionária proposta por Karl Marx: trabalhadores de todo o mundo, uni-vos!
Versão em espanhol
La clase trabajadora se enfrenta hoy a una situación crítica y desafiante. Estamos asistiendo a la descomposición del orden capitalista mundial liderado por los EE.UU., al fracaso del neoliberalismo y a la resurrección y ascenso del nazi fascismo, que se presenta bajo nuevas formas y representa el último refugio y recurso del capitalismo en crisis.
Como siempre a lo largo de la historia, la respuesta del capital a la crisis que sacude a la sociedad burguesa consiste en aumentar el grado de explotación de la fuerza de trabajo. Con ese objetivo se está llevando a cabo una ofensiva contra el Derecho Laboral sin paralelo en la historia.
La agenda de la clase dominante está guiada por el propósito de destruir a cualquier precio las conquistas y los derechos conquistados en la lucha de clases por los trabajadores durante los últimos tres siglos, para que las relaciones sociales de producción vuelvan al patrón vigente al inicio del capitalismo.
La apropiación y manipulación de las nuevas tecnologías por parte de la alta burguesía opera en esta misma dirección, contribuyendo a la desregulación y precarización del mercado de trabajo, a la individualización de los contratos y al establecimiento de un entorno socioeconómico carente de garantías básicas para los trabajadores. Esto es lo que prevalece con la llamada uberización y la explotación del trabajo en el capitalismo de plataforma.
A nivel ideológico, el capital trabaja para dividir nuestra clase, impedir el acceso a la conciencia de clase y destruir todo rastro de identidad de clase, razón por la cual, por ejemplo, a los trabajadores se les llama cínicamente colaboradores en el lenguaje empresarial contemporáneo, que también es hegemónico en los medios burgueses.
El escenario internacional es preocupante. La carrera armamentista se intensifica. Los dirigentes imperialistas de una Europa decrépita y sin rumbo han anunciado la creación de un fondo de 800.000 millones de euros para inversiones militares. Se trata de una apuesta clara por la perspectiva de una Tercera Guerra Mundial, cuyos riesgos no deben descuidarse.
Los recursos multimillonarios anunciados para la industria de la guerra y de la muerte seguramente se restarán del presupuesto social, es decir, de las inversiones en salud, educación y bienestar de la población. Al final, la clase obrera pagará la cuenta, ya que también deberá servir como carne de cañón en las aventuras bélicas que planea el imperialismo.
Indiferente ante la fuerte ola de indignación que se extiende por el mundo, el gobierno neonazi de Israel continúa con el genocidio del pueblo palestino y ya no oculta su criminal propósito de completar la limpieza étnica para ocupar la Franja de Gaza, a pesar de la ONU. La empresa colonialista la lleva a cabo el Estado sionista bajo el paraguas del gobierno imperialista estadounidense y la complicidad de las potencias europeas.
También continúa sin resolverse la guerra entre Rusia y Ucrania, que en verdad debería caracterizarse como una guerra por poderes del llamado Occidente, a través de la OTAN, contra la Federación Rusa. No se puede olvidar que el origen del conflicto fue la provocadora expansión de la OTAN hacia Europa del Este, permeada por golpes de Estado disfrazados de revoluciones de colores en los países que integraban la Unión de Repúblicas Socialistas Soviéticas.
El drama que vive actualmente la humanidad se ve agravado por la crisis climática, que avanza en medio de un desorden global sin esperanza de solución en el marco del sistema capitalista.
Por otra parte, en contraste con la decadencia y descomposición del orden imperialista, podemos observar el ascenso de China y los BRICS, que se fortalecieron y ampliaron en sus dos últimas cumbres.
Este movimiento de naciones al margen de los centros imperialistas, liderado por China, esboza un nuevo orden mundial y ofrece perspectivas prometedoras para los países más pobres, oprimidos por el talón neocolonialista del imperialismo. Fundado en 2009, el bloque geopolítico ya cuenta con un PIB superior al del otrora todopoderoso G7, que se encuentra en franco declive.
Ante esta situación, es necesario intensificar la resistencia y la lucha de clases, redoblar los esfuerzos para concientizar a la clase obrera, dirigir la lucha contra el sistema capitalista y señalar al socialismo como la única alternativa a la crisis del sistema que conduce a la humanidad por el camino de la guerra y la barbarie.
Es cada vez más necesario realizar una campaña global para denunciar el sistema capitalista-imperialista, así como la agresión colonialista y sionista, y en defensa del socialismo, el mayor ideal de la clase trabajadora en todo el mundo.
Es imperativo rescatar el internacionalismo proletario y el espíritu de la consigna revolucionaria propuesta por Karl Marx: ¡Proletarios del mundo, uníos!
Versão em inglês
The working class today faces a critical and challenging situation. We are witnessing the decomposition of the US-led world capitalist order, the failure of neoliberalism, and the resurrection and rise of Nazi fascism, which is presenting itself in new forms and represents the last refuge and resource of capitalism in crisis.
As always throughout history, capital’s response to the crisis shaking bourgeois society is to increase the level of exploitation of the labor force. To this end, an offensive against labor rights is being carried out that is unprecedented in history.
The agenda of the ruling class is guided by the goal of destroying, at any cost, the gains and rights achieved by workers in the class struggle over the last three centuries, so that the social relations of production return to the pattern that prevailed at the beginning of capitalism.
The appropriation and manipulation of new technologies by the upper bourgeoisie operates in this same direction, contributing to the deregulation and precarization of the labor market, the individualization of contracts, and the establishment of a socioeconomic environment lacking basic guarantees for workers. This is what prevails with the so-called uberization and the exploitation of labor in platform capitalism.
On an ideological level, capital works to divide our class, impede access to class consciousness, and destroy all traces of class identity. This is why, for example, workers are cynically called collaborators in contemporary business language, which is also hegemonic in bourgeois media.
The international scene is worrying. The arms race is intensifying. The imperialist leaders of a decrepit and directionless Europe have announced the creation of an €800 billion fund for military investments. This is a clear commitment to the prospect of a Third World War, the risks of which must not be ignored.
The multi-million dollar resources announced for the industry of war and death will surely be subtracted from the social budget, that is, from investments in health, education, and the well-being of the population. In the end, the working class will pay the bill, as it too will have to serve as cannon fodder in the war adventures planned by imperialism.
Indifferent to the strong wave of indignation spreading throughout the world, the neo-Nazi government of Israel continues the genocide of the Palestinian people and no longer hides its criminal intention to complete the ethnic cleansing to occupy the Gaza Strip, despite the UN. This colonialist enterprise is carried out by the Zionist state under the umbrella of the US imperialist government and with the complicity of the European powers.
The war between Russia and Ukraine also remains unresolved, and should truly be characterized as a proxy war of the so-called West, through NATO, against the Russian Federation. It cannot be forgotten that the origin of the conflict was NATO’s provocative expansion into Eastern Europe, permeated by coups disguised as color revolutions in the countries that made up the Union of Soviet Socialist Republics.
The tragedy humanity is currently experiencing is aggravated by the climate crisis, which is advancing amid global disorder with no hope of solution within the framework of the capitalist system.
Moreover, in contrast to the decline and decomposition of the imperialist order, we can observe the rise of China and the BRICS, which have strengthened and expanded in their last two summits.
This movement of nations outside the imperialist centers, led by China, outlines a new world order and offers promising prospects for the poorest countries, oppressed by the neocolonialist heel of imperialism. Founded in 2009, the geopolitical bloc already has a GDP higher than that of the once all-powerful G7, which is in sharp decline.
Faced with this situation, it is necessary to intensify resistance and class struggle, redouble efforts to raise working-class consciousness, lead the struggle against the capitalist system, and point to socialism as the only alternative to the crisis of the system that is leading humanity down the path of war and barbarism.
It is increasingly necessary to wage a global campaign to denounce the capitalist-imperialist system, as well as colonialist and Zionist aggression, and in defense of socialism, the highest ideal of the working class worldwide.
It is imperative to rescue proletarian internationalism and the spirit of the revolutionary slogan proposed by Karl Marx: Workers of the world, unite!