O presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, escapou de um impeachment neste sábado (7) após a oposição não conseguir votos suficientes para removê-lo do cargo. A tentativa ocorreu dias após Yoon decretar lei marcial, ato que provocou acusações de autogolpe no país.
A sessão foi boicotada pela maioria dos deputados do Partido do Poder do Povo (PPP), legenda do presidente, com apenas três aliados permanecendo no plenário, segundo a agência Yonhap.
O presidente da Assembleia, Woo Won-shik, declarou que a votação não atingiu o quórum necessário. “Portanto, declaro que a votação sobre o tema não é válida”, afirmou Woo.
Ele lamentou o desfecho, dizendo que “o povo sul-coreano estava observando nossa decisão hoje. Nações ao redor do mundo estavam nos observando. É totalmente lamentável que a votação efetivamente não tenha ocorrido.”
Fora da Assembleia Nacional, uma multidão de manifestantes estava enfurecida com o boicote, chamando os parlamentares que se recusaram a votar de “traidores”. Os manifestantes exigiram a prisão de Yoon e o retorno dos deputados ao plenário, mas a votação foi oficialmente encerrada sem avanços. A oposição precisava de pelo menos oito votos do PPP para alcançar a maioria de dois terços necessária para aprovar o impeachment.
Com a rejeição do impeachment, o principal partido de oposição, o Partido Democrático, anunciou que proporá uma nova votação em 11 de dezembro, com discussão marcada para 14 de dezembro, conforme informado pela Yonhap. Já o PPP afirmou que buscará uma solução “mais ordeira e responsável” para a crise política, descartando a destituição de Yoon.
Antes do debate sobre o impeachment, parlamentares governistas haviam rejeitado um pedido de investigação especial contra a primeira-dama, Kim Keon-hee, acusada de corrupção por receber uma bolsa Christian Dior avaliada em cerca de 3 milhões de wons (R$ 11 mil) de um pastor.
Se o impeachment tivesse sido aprovado, abriria caminho para novas eleições presidenciais em até 60 dias, após a chancela da Corte Constitucional. Com o resultado desfavorável à oposição, o futuro político do país permanece incerto. Segundo líderes oposicionistas, a Coreia do Sul pode enfrentar uma nova onda de instabilidade política.
Caso resista à crescente pressão por renúncia, Yoon seguirá no cargo até 2027, já que a Constituição sul-coreana não permite reeleição. Entretanto, a oposição promete intensificar os protestos nas ruas.