O presidente Lula (PT) indicou a auxiliares, durante uma confraternização de fim de ano em Brasília, nesta sexta-feira, que pode fazer mudanças na equipe a partir de janeiro. O petista, no entanto, não detalhou quais cargos estariam na mira da reforma, segundo relatos feitos a CartaCapital.
A confraternização no Palácio da Alvorada durou pouco mais de duas horas. Os ministros precisaram chegar com antecedência de 30 minutos para realizar um teste de Covid-19 – orientação médica, segundo assessores do governo. No cardápio, havia bacalhau, peru, carne, arroz, farofa e salada.
Coube à primeira-dama, Rosângela Silva, a Janja, abrir o encontro. Em seguida, Lula fez um discurso. Esta foi a primeira reunião do presidente com seus 39 ministros desde que passou por uma cirurgia na cabeça há uma semana.
Lula agradeceu aos auxiliares pelo trabalho realizado no ano, afirmou que o ritmo deve continuar e sinalizou mudanças ao mencionar que “coisas estão faltando” na equipe. Ele também agradeceu a Deus por estar vivo, ressaltando o risco de morte que correu.
O presidente destacou ainda a necessidade de pacificar a relação com o mercado e expressou incômodo com os juros altos – desta vez, contudo, evitou críticas ao Banco Central. Logo após o comentário, conforme relatou um ministro, Lula convocou Gabriel Galípolo, futuro presidente do BC, para gravar um vídeo.
“Jamais haverá da minha parte qualquer interferência no trabalho que você tem que fazer no BC”, afirmou Lula na gravação. “Seguimos mais convictos que nunca de que a estabilidade econômica e o combate à inflação são fundamentais para proteger o salário e o poder de compra das famílias brasileiras”.
Lula ainda pediu que todos os ministros estejam em Brasília no dia 8 de janeiro. A intenção é realizar um evento em alusão aos dois anos dos atos golpistas em Brasília, quando bolsonaristas invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes. Detalhes sobre a solenidade ainda não foram divulgados.
A bolsa de apostas da reforma ministerial
Rumores sobre trocas na Esplanada surgem frequentemente nos bastidores do governo. Nos últimos meses, contudo, Lula começou a considerar mudanças, principalmente na Secretaria Especial de Comunicação, a Secom.
Conforme discussões reservadas, Paulo Pimenta, atual chefe da Secom, seria substituído por Sidônio Palmeira, publicitário responsável pela campanha de Lula em 2022. Nesse cenário, Pimenta poderia assumir a Secretaria-Geral da Presidência, atualmente ocupada por Márcio Macêdo.
Auxiliares do presidente também já dão como certa uma substituição na Defesa, pois o ministro José Múcio Monteiro manifestou interesse em deixar o cargo recentemente. Para o Ministério da Defesa, o nome do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), atual ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, é apontado como o mais cotado por integrantes do governo.
As possíveis mudanças na Esplanada também refletem a insatisfação de partidos aliados no Congresso, que reivindicam mais espaço. O PSD de Gilberto Kassab, por exemplo, não esconde o desconforto em controlar apenas o Ministério da Pesca, considerada uma pasta de baixa relevância política. MDB, União Brasil e PP também pressionam por alterações, argumentando que o controle do núcleo político pelos petistas Rui Costa (Casa Civil), Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Paulo Pimenta prejudica o andamento de pautas importantes no Congresso.