Transformar?
Não, mudar da água para o vinho ou ser um alquimista, é urgente.
Saber distinguir a utopia da vanguarda e compreender os conceitos, ao invés de apenas entender é bálsamo.
Conhecer o mistério da mente humana: é uma urgência e a sociedade ainda não descobriu quão possível é sua fecunda magnitude. A psiquê, o soma, a alma são conceitos formulados pela mentalidade humana. A evolução das espécies se faz de adaptação em adaptação ao substrato existencial.
“Especialização da parte psíquica do psiquê”: é apenas um dos conceitos para mente.
Afinal, “Definir é limitar” disse Oscar Wilde.
Meus caros, os seres humanos possuem um sistema nervoso com cérebro. O colorido semântico sobrevirá para um bebê no útero, dando sentido à sua existência.
Entramos no terreno da psicanálise e da psicologia, elaboração imaginativa: vida emocional.
Crescemos, e o pós-nascimento nos depara com notícias como: “A Prefeitura de Paris está retirando imigrantes em situação de rua da cidade antes do início das Olimpíadas, que começam em 26 de julho, revelou o jornal francês L’Équipe”.
Os sem-teto localizados nas principais regiões que receberão os turistas e os Jogos Olímpicos estão sendo levados de ônibus para outras cidades francesas perto da capital. No ponto final dessas viagens estão abrigos precários e muitos dos imigrantes acabam voltando para a rua, segundo o jornal americano The New York Times, que acompanhou o trajeto desses ônibus”.
As Olimpíadas e sua exuberância mitológica, demanda um aprofundamento da semântica colorida recepcionada no útero. A mente funcionará no sentido individual/criativo/reflexivo, ou no sentido dos moldes instituídos pelo meio externo, ou seja, o meio ambiente ecológico e social. Ambos, mas de cara já encontramos um bercinho quente, ou trapos imundos, ou uma lata de lixo.
Um novo mundo fracionado em bolhas de interesse integra o planeta globalizado. Todos os órgãos fisiológicos dos “cem mil moradores de rua” parisienses: são similares ao dos atletas olímpicos, dos membros dos comitês e de todos os envolvidos no vultoso e lucrativo evento.
Já sabemos que contra compilações fatídicas não há argumentos, a não ser que se investigue; realizando a investigação do acontecido.
E seguimos aqui realizando a sociologia do Evento Olímpico e seu entorno, com uma pitada do referencial teórico da psicanálise. Foi descoberto que a mente normalmente reage ao ambiente, quando este último falha, ocorre a defesa do ser/mente diante do submundo desconfortável, é aí que nascem as aflições e as patologias.
O conteúdo da notícia no próximo parágrafo, demonstra que há populações sem chance de ganhar medalha de ouro, ou de qualquer outra origem metálica no quesito VIDA.
“A população de rua superou as 281 mil pessoas no Brasil em 2022. Isso representa um aumento de 38% desde 2019, após a pandemia de covid-19. Essa é a conclusão de um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Mauro veio de Santa Catarina para Brasília após um acidente de moto em novembro, que tirou a fonte de renda dele. Ele conta que não tem apoio de ninguém e agora quer voltar para o Sul do país. Mauro tenta uma saída em um dos Centros Pop, locais que atendem pessoas em situação de rua. “Eu rompi relação com todos os meus familiares. Eu não tenho ninguém, no caso. Justamente por isso, talvez, eu me encontre nesta situação. Eu tinha um troco aí, estava me alimentando, mas agora eu venho aqui, para me alimentar e para tentar uma passagem, para voltar para o Sul.””.
O estudo do Ipea alerta que o aumento de pessoas nas ruas é muito maior em proporção do que o da população em geral. No período de dez anos, de 2012 a 2022, o crescimento desse segmento vulnerável foi de 211%. Segundo dados do IBGE, o aumento populacional brasileiro foi de 11% entre 2011 e 2021.
A Região Sudeste concentra pouco mais da metade da população em situação de rua do país: são 151 mil pessoas. Na sequência estão Nordeste, Sul, Centro-Oeste e Norte. A pesquisa destaca a Região Norte, onde está a menor parcela de população de rua do país, mas que, no entanto, mais que dobrou de 2019 para 2022, saindo de 8 mil para mais de 18 mil pessoas vivendo nas ruas” Agência Brasil.
As ciências não foram fundadas para a salvação dos miseráveis ou o que o valha, em última análise são elas muito mais parceiras do que antagônicas ao brutal “mamute capital”. Antes, os hominíneos (a terminologia anterior era hominídeos) tivessem continuado como “Antes de Adão” de Jack London: nômades, de galho em galho, ou em cavernas, bem protegidos das vulnerabilidades das intempéries.
Hoje, a intempérie do lucrismo fere de morte o bípede, e dito evoluído: Homo sapiens.