
O prêmio de “Economista do Ano” concedido pelo presidente da Ordem dos Economistas do Brasil (OEB), Manuel Enriquez Garcia, ao presidente da Argentina, Javier Milei, gerou muitas críticas e manifestações contrárias.
Ao demonstrar “surpresa” pela notícia, o Conselho Regional de Economia do Estado de São Paulo esclarece que a premiação “não foi entregue pela entidade que representa os economistas brasileiros”.
Em nota assinada por Odilon Guedes, presidente do Corecon-SP (2ª Região), a entidade ressalta que a OEB “é uma organização da sociedade civil com pouquíssimos associados com suas contribuições em dia e representa somente esse restrito público”.
Ao mesmo tempo, as únicas entidades com representação legal dos economistas do país são o Conselho Federal de Economia (Cofecon) e o Sindicato dos Economistas. Em São Paulo, a representação é feita pela Corecon-SP e pelo Sindecon-SP.
Além disso, Guedes lembra que o registro de economista de Manuel Enriquez Garcia foi suspenso por questões éticas, “tendo o Tribunal de Contas da União (TCU) considerado procedentes as denúncias de irregularidades cometidas em sua gestão quando foi Presidente do Corecon-SP, na década passada”.
“Veemente repúdio”
Em nota oficial, a Associação Brasileira de Economistas pela Democracia (ABED) destacou seu “veemente repúdio” à premiação feita pela OEB, ressaltando que a escolha do extremista “não apenas legitima um projeto econômico destrutivo e antidemocrático, como também revela uma preocupante adesão a uma agenda ultraliberal que compromete o desenvolvimento social e econômico da América Latina”.
“Milei tem conduzido a economia argentina por um caminho de desmonte do Estado, desregulamentação selvagem e ataques aos direitos sociais e trabalhistas, aprofundando a recessão, a desigualdade e a instabilidade econômica”, pontua a entidade.
Segundo a ABED, a suposta estabilização da inflação “nada mais é do que a repetição de políticas desastrosas de supervalorização do peso, historicamente responsáveis por sucessivas crises no balanço de pagamentos do país”.
“Ao premiar Milei, a Ordem dos Economistas do Brasil não apenas chancela esse projeto nefasto, mas também se distancia do compromisso que deveria ter com uma economia orientada pelo bem-estar social, pelo fortalecimento do desenvolvimento nacional e pela democracia”, reitera a associação.