O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, afirmou nesta segunda-feira (12) que a operação militar conduzida por seu governo contra alvos no Paquistão estabeleceu um novo patamar na doutrina de segurança nacional indiana. A “Operação Sindoor”, iniciada no dia 7 de maio, foi apresentada como uma política oficial permanente no combate ao que chamou de “terrorismo”, com três eixos principais: retaliação direta, rejeição a ameaças nucleares e equiparação entre grupos armados e os Estados que os abrigam.
Em pronunciamento televisionado ao país, Modi declarou: “a Operação Sindoor não é um evento isolado. Ela se tornou a política estabelecida da Índia na luta contra o terrorismo. Estabelecemos um novo padrão, um novo normal”.
A ofensiva foi deflagrada após o ataque realizado no dia 22 de abril em Pahalgam, na região da Caxemira administrada pela Índia. Segundo as autoridades indianas, o atentado resultou na morte de 26 pessoas, incluindo turistas, e teria sido realizado por militantes armados. “Eles mataram civis após perguntarem sua fé, diante de crianças. Foi um ataque bárbaro”, disse o primeiro-ministro.
Três pilares da nova política de segurança
Durante o discurso, Modi apresentou os três pilares da nova doutrina de segurança nacional:
- Retaliação decisiva: qualquer “ataque terrorista” contra o território indiano será respondido com uma ofensiva direta, nos termos e no tempo determinados pela Índia;
- Rejeição à chantagem nuclear: a Índia não aceitará mais ameaças nucleares como justificativa para a existência de abrigos a militantes. “Nenhuma chantagem nuclear será mais tolerada”, declarou;
- Fim da distinção entre grupos e Estados: o governo indiano declarou que não fará mais separação entre os autores de ataques e os governos que lhes oferecem abrigo ou apoio;
Ataques contra alvos no Paquistão
De acordo com informações oficiais, a “Operação Sindoor” teve como alvos instalações de grupos armados em nove localidades no território do Paquistão e na região da Caxemira sob administração paquistanesa, conhecida na Índia como PoK (Paquistão Ocupado da Caxemira). As cidades atingidas incluíram Bahawalpur, Muridke e Muzaffarabad, consideradas pelo governo indiano como abrigando campos de treinamento utilizados por organizações envolvidas em “ataques terroristas internacionais”.
As Forças Armadas indianas afirmam que mais de 100 militantes e 40 soldados paquistaneses foram mortos, além da destruição de 11 bases aéreas. O Paquistão, por sua vez, negou que haja “infraestrutura terrorista” em seu território e afirmou que civis foram assassinados durante os bombardeios.
Resposta e cessar-fogo
Após os ataques, o governo do Paquistão teria procurado canais diplomáticos para negociar o fim das hostilidades. “O Paquistão foi forçado a buscar uma saída e acabou implorando por paz após sofrer perdas pesadas”, afirmou Modi. Segundo ele, “a Índia suspendeu momentaneamente os ataques, mas continuará em alerta máximo”.
Ambos os países anunciaram um cessar-fogo no sábado (10). No entanto, no próprio dia 12, novas incursões foram registradas. Drones supostamente provenientes do Paquistão foram detectados no setor de Samba, em Jammu. As Forças Armadas indianas informaram que os objetos foram interceptados com sucesso. “Um pequeno número de drones suspeitos foi observado na região de Samba, em Jammu e Caxemira. Eles estão sendo engajados”, informou um porta-voz do Exército, acrescentando que a situação está sob controle.
Medidas de segurança em áreas de fronteira
Como medida preventiva, as autoridades indianas ativaram protocolos de segurança em distritos do estado de Punjab, que faz fronteira com o Paquistão. Foram registradas ações de apagão em cidades como Amritsar, Jalandhar e Hoshiarpur, além da emissão de alertas por sirenes antiaéreas.
A vice-comissária de Amritsar, Sakshi Sawhney, afirmou: “estamos em alerta. Implementamos um apagão. As pessoas devem evitar permanecer próximas a janelas”. Em Jalandhar, Himanshu Aggarwal, vice-comissário do distrito, informou que as luzes foram desligadas na área de Suranassi após relatos de drones. Em Hoshiarpur, as cidades de Dasuya e Mukerian também registraram apagões parciais. Escolas foram fechadas por precaução, mas os mercados permaneceram abertos.
Futuro das relações com o Paquistão
Modi também afirmou que a Índia só manterá diálogo com o Paquistão sobre dois assuntos: “terrorismo e a devolução da Caxemira ocupada”. “Se houver qualquer conversa, será apenas sobre terrorismo e PoK”, declarou.
Segundo ele, a operação militar é uma resposta proporcional à agressão sofrida e um marco na defesa da soberania indiana. “O mundo inteiro viu que a Índia responderá com firmeza e dignidade. Esta não é uma era de guerra, mas também não é uma era para tolerar terrorismo”, concluiu.