
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, anunciou nesta terça-feira (29) que o Reino Unido poderá reconhecer oficialmente o Estado da Palestina antes da próxima Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em setembro, caso Israel não cumpra uma série de condições. A decisão marca uma mudança significativa na política externa britânica e aumenta a pressão internacional sobre o governo israelense.
Em comunicado oficial após reunião de emergência com seu gabinete, Starmer estabeleceu quatro exigências para evitar o reconhecimento britânico:
1. Fim imediato da crise humanitária em Gaza;
2. Implementação de cessar-fogo permanente;
3. Garantias contra novas anexações na Cisjordânia;
4. Compromisso formal com um processo de paz rumo à solução de dois Estados.
“Nosso objetivo continua sendo uma Israel segura e protegida ao lado de um Estado palestino viável e soberano”, declarou Starmer, acrescentando que esse objetivo “está sob pressão como nunca antes”. O premiê enfatizou que fará uma avaliação antes da cúpula da ONU e que nenhuma das partes terá poder de veto sobre a decisão britânica.
A medida ocorre em meio a relatos alarmantes sobre a situação humanitária em Gaza. O Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas, reporta mais de 60 mil mortes desde o início do conflito, enquanto agências da ONU alertam para “o pior cenário de fome em curso” no território. Starmer descreveu as imagens de crianças famintas como “algo que ficará conosco por toda a vida”.

O anúncio britânico segue a decisão da França, que na semana passada se tornou o primeiro país do G7 a declarar intenção de reconhecer a Palestina. Atualmente, mais de 140 dos 193 membros da ONU já reconhecem o Estado palestino, incluindo o Brasil desde 2010.
Starmer rejeitou equivalências entre Israel e Hamas, exigindo do grupo palestino a libertação de reféns, cessar-fogo imediato, renúncia a qualquer papel governamental em Gaza e desarmamento completo. “Essa medida tem como propósito avançar na direção da paz”, afirmou, justificando o momento do anúncio pela deterioração acelerada da perspectiva de dois Estados.
O primeiro-ministro destacou que o Reino Unido já iniciou operações aéreas de ajuda humanitária, mas enfatizou a necessidade de pelo menos 500 caminhões de suprimentos entrando diariamente em Gaza. “Só um acordo político duradouro poderá pôr fim a esta crise”, concluiu, referindo-se a um plano de paz em oito etapas que seu governo vem desenvolvendo.
Israel nega as acusações de restrições à ajuda humanitária e afirma que “não há fome” em Gaza, mantendo sua política de impedir a entrada de jornalistas internacionais no território.