Mesmo nos casos permitidos por lei, o direito das mulheres ao aborto é sistematicamente negado. Um dos métodos contra a realização do direito da mulher é pressioná-la para reverter sua decisão e prorrogar a realização do procedimento. Um caso exemplar na negação ao direito é o que ocorre na prefeitura de São Paulo. Uma jovem de 21 anos procurou a rede municipal para realizar o procedimento do aborto legal, contudo, o local de acolhimento da mulher tornou-se um local de pressão, o caso está sendo acompanhado pela Defensoria Pública.
No Hospital Municipal e Maternidade Prof. Mario Degni, no Rio Pequeno, zona oeste da cidade, para onde a jovem se dirigiu, a mesma foi questionada sobre qual seria o nome escolhido para o feto e que deveria apresentar um familiar concordasse, mesmo sendo a jovem maior de idade. A jovem disse que foi vítima de abuso sexual de um ex-namorado e ao descobrir a gestação procurou o procedimento.
No Hospital referido, foi atendida por psicóloga que lhe perguntou se o pai do feto estaria feliz com a gestação, qual seria o nome escolhido e se considerava entregar para adoção. A psicóloga ainda teria dito que seria uma mãe guerreira. Encaminhada para a ginecologista, a médica não compareceu remarcando a consulta, novamente cancelada. Passando tempo, em fim atendida, a médica teria dito que pensaria se aceitaria o caso e que ela deveria arcar com o funeral do feto.
No início do corrente mês, voltou a consulta e se deparou com a psicóloga, a ginecologista e a assistente social na sala, que lhes aconselharam a conversar com familiares para mudar de ideias e que deveria retornar com o pai ou a mãe. Nesse processo de meses, a jovem encontra-se com 29 semanas de gestação.
Um caso verdadeiramente criminoso, de negação de direito constitucional e crime contra a humanidade por parte de órgão público, trazendo inúmeros prejuízos físicos e psicológicos para a jovem. Na prática, não existe o aborto legal no Brasil, mesmo nos limitados casos em que a lei prevê, ainda, sim, não são realizados e as mulheres forem duplamente, ela situação difícil e pela pressão e humilhação que os órgãos públicos lhes dirigem. É preciso acabar com essa situação absurda e lutar pelo mais amplo direito ao aborto legal no país.