Presente em ato do governo Lula que lançou obras, neste sábado 30, em São Paulo (SP), o deputado federal e pré-candidato à prefeitura da cidade Guilherme Boulos (PSOL-SP) disse à imprensa que a ausência do prefeito Ricardo Nunes (MDB) no evento demonstra falta de institucionalidade. O emedebista disse publicamente que não compareceria porque via a ocasião como um ato político, e não como ato de governo. Boulos tem o apoio de Lula para a corrida municipal deste ano.

“Aqui foram anunciados R$ 110 milhões de reais para um campus universitário na Zona Leste, foram anunciados mais R$ 25 milhões para um instituto federal de Cidade Tiradentes. Isso não é um ato de governo? Eu acho que o atual prefeito se tornou um refém do Bolsonaro. É triste ver isso. A cidade de São Paulo não merece isso. Ele tem medo de aparecer num evento do governo federal e ser atacado pelos bolsonaristas, aí fica arrumando desculpa, arrumando lorota. Todo mundo sabe que isso daqui é um ato de governo anunciando coisas objetivas e concretas”, reagiu Boulos, ao ser questionado por jornalistas sobre a manifestação de Nunes.

O psolista retrucou o atual prefeito e o criticou pela postura relativa a evento realizado com o governo de São Paulo, Tarcísio Freitas (PL), no último dia 21, quando os dois assinaram contrato para expansão da Linha 5 do metrô até o Jardim Ângela, na Zona Sul. “Ato político é o que ele foi fazer com o Tarcísio lá no Jardim Ângela semana passada, sabendo que teria esse evento aqui hoje. Montaram um negócio às pressas [com um discurso] de ato político dizendo que uma obra [feita] com dinheiro do governo federal é dele.”

Boulos emendou citando ato da prefeitura realizado na sexta (28), quando foi formalizada a cessão de um terreno de 30 mil m² para o Ministério da Educação (MEC) erguer uma unidade do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo em Cidade Tiradentes, na Zona Leste. “Ato político é o que ele foi fazer ontem aqui em Cidade Tiradentes, com uma obra com recursos do governo federal e que tem como única contrapartida o terreno, que todas as prefeituras do Brasil estão dando, pelo acordo com o MEC”, criticou.

“A condição para [criação] de um instituto federal é a doação do terreno. Isso foi em todas as seleções. Isso não é nenhum mérito [dele]. Foi condição para o projeto ser selecionado. É um projeto do governo federal e ele vai lá e fica fazendo politicagem. Hoje o prefeito Ricardo Nunes hoje não tem autoridade moral para falar de institucionalidade. Ele se tornou um refém, um repetidor do bolsonarismo”, atribuiu Boulos.

Educação

Boulos criticou o modelo de educação adotado em São Paulo, que tem sido alvo de polêmicas especialmente pela adoção da lógica da militarização. “Escola militar é um péssimo modelo. Lugar de militar é ajudando na segurança pública, cumprindo seu papel. Não é dentro da sala de aula. Dentro da sala de aula tem que ter professor, tem que ter aluno, tem que ter mais qualificação, valorização do ensino. Nós não podemos confundir as estações: uma coisa é educação, outra coisa é segurança pública. Militar ajuda a cuidar da segurança pública, professor cuida da educação.”

Em contrapartida, ele enalteceu o lançamento das obras federais neste sábado. “O mais importante foi anunciado hoje. São Paulo tinha até hoje dois institutos federais construídos até hoje, que são os de Pirituba e de São Miguel. A partir de hoje, nós temos mais dois. Nós ajudamos no Ministério da Educação dialogando com junto com o presidente Lula para trazer o instituto para cidade de Tiradentes e para o Jardim Ângela, que nós vamos anunciar logo mais [neste sábado]. Já é um avanço. Espero que próximo anos a gente possa trazer mais. O instituto federal é um modelo de sucesso de formação profissional.”

Eleições

O deputado também comentou a indicação do ex-coronel das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) Ricardo de Mello Araújo como vice da chapa de Nunes e afirmou que as eleições deste ano serão palco da apresentação de projetos políticos essencialmente distintos. “De um lado, teremos um projeto autoritário, um vice imposto pelo Jair Bolsonaro, alguém que defende discriminação, preconceito contra as pessoas da periferia e, de outro lado, um projeto popular pra cidade, um projeto de democratização dos equipamentos públicos.” Ele teceu comparações citando os eventos do governo federal deste sábado.

“Pegue o dia de hoje. Agora de manhã, aqui em Itaquera, viemos anunciar junto com o presidente Lula a pedra fundamental das obras da primeira universidade federal da periferia de São Paulo e do instituto federal da Cidade de Tiradentes. Agora à tarde, no Jardim Ângela, vamos anunciar o primeiro instituto federal do Jardim Ângela. Vejam, o Jardim Ângela já foi conhecido como o bairro mais violento do mundo. No final dos anos 1990, ele tinha esse apelido, essa definição. E agora nós vamos inaugurar um instituto federal no Jardim Ângela.” O psolista emendou citando outros exemplos.

“Vamos anunciar e inaugurar um hospital federal em Santo Amaro para atender toda a Zona Sul, um hospital da Unifesp com a Ebserh. Vamos anunciar uma demanda histórica que a prefeitura atual não fez. O Haddad deixou ela licitada e, nos últimos oito anos, eles não tiveram coragem de canalizar o Córrego dos Freitas, que é o principal foco de enchente na região de Capão Redondo. Nós conseguimos, dialogando com o ministro das Cidades, com o secretário de Periferias. Foi um trabalho que fiz lá em Brasília. Hoje vamos anunciar mais de R$ 300 milhões para canalização, urbanização de toda a região do Córrego dos Freitas, vamos anunciar o recurso federal para extensão do metro até o Jardim Ângela, que é uma demanda histórica”, citou.

Novamente ele mencionou o caso do Jardim Ângela e as figuras do governador e do prefeito. “Eu vi a imprensa repercutindo porque o Tarcísio e o Ricardo Nunes tinham feito um ato em relação ao metrô do Jardim Ângela. Hoje a Linha 5 chega até o Capão Redondo. Ela vai ser estendida em duas estações: na Comendador Santana até o centro do Jardim Ângela, que é onde vamos fazer o evento hoje, e eles anunciaram [isso]. É muito fácil fazer caridade com o chapéu alheio. É muito fácil inaugurar placar com o dinheiro dos outros. É isso que Ricardo Nunes e o Tarcísio estão fazendo porque quem vai dar o recurso e o crédito é o governo federal, e é isso que nós vamos anunciar hoje.”

Datena

O deputado foi questionado sobre como avalia a pré-candidatura de José Luiz Datena (PSDB), anunciada recentemente, que aparece em terceiro lugar nas intenções de voto mensuradas em pesquisa Quaest divulgada na quinta (27). “Eu tenho uma relação muito amistosa e de respeito com o Datena. Acho absolutamente legítimo ele ser candidato, sempre disso isso, e acho que a última pesquisa Quaest mostra uma coisa. Temos que ver os números neste momento não só na literalidade, temos que ver na tendência.”

“Estamos a três meses da eleição. Se você somar aqueles candidatos que têm uma posição de mudança e de oposição ao atual prefeito, você tem uma ampla maioria das intenções de voto hoje. Isso bate com a pesquisa Datafolha, isso bate com a pesquisa Atlas, bate com todas as pesquisas em relação ao sentimento da cidade para mudança. Eu estou muito otimista com o cenário. Eu acredito que temos na cidade de São Paulo – e eu vou tratar dos temas da cidade – condições de apresentar um projeto ousado, inovador, de uma cidade humana, que aponde mudança para os paulistanos, que é o que a cidade quer hoje.”

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Última Atualização: 01/07/2024