O valor do botijão de gás para o consumidor aumentou de forma mais intensa do que o preço do GLP para distribuidoras nas refinarias ao longo dos últimos cinco anos, segundo estudo elaborado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Enquanto o botijão subiu R$ 32,32 em média entre maio de 2019 e maio de 2024 (passando de R$ 69,29 para R$ 101,61), a alta para a Petrobrás foi de R$ 6,54 e o setor de distribuição e revenda ficou com R$ 19,38. Os impostos subiram R$ 8,38 (ICMS) e houve redução nos tributos federais (menos R$ 2,18).
O estudo também destaca o maior reajuste de preços registrado entre 2017 e 2022 – a partir de 2023, existe um retorno de menor peso do insumo nos salários e na cesta de produtos básicos para a população.
Em 2022, o preço do botijão representava 9% das despesas de uma cesta básica e 5% das despesas com um salário mínimo. Hoje, o produto responde por 4,5% do total da despesa com a cesta básica e 2,25% do salário mínimo.
A pedido da FUP (Federação Única dos Petroleiros), o economista Cloviomar Caranine, do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) afirma que as margens destinadas para distribuição e revenda aumentaram com mais intensidade no período de análise.
De acordo com o economista, o gás na refinaria começou a subir e a apresentar instabilidade de preços desde 2016, por conta da estratégia de paridade internacional.
Ele observa que, desde 2016, o gás na refinaria entrou em um processo de aumento de preço e de instabilidade, seguindo a estratégia de paridade internacional e a política de elevação de lucros da Petrobrás voltada para a maior distribuição de dividendos a acionistas.
Diante desse cenário, Caranine destaca que os maiores ganhos obtidos pela distribuição e revenda do gás de cozinha revelam “o equívoco cometido pela Petrobrás, nos governos Temer e Bolsonaro, em privatizar a BR Distribuidora e a Liquigás, ambas empresas hoje controladas pelo capital privado”.