O diretório estadual do Progressistas (PP) no Paraná decidiu, por unanimidade, vetar a possível candidatura do senador Sergio Moro (União Brasil) ao governo do estado em 2026. A deliberação, tomada em reunião nesta segunda-feira (8), expôs de vez o racha interno na recém-criada Federação União Progressista, formada por PP e União Brasil, e abriu uma crise de grandes proporções na aliança.
O veto não parte apenas do PP. Dentro do próprio União Brasil, aliados de Moro também defendem manter a parceria com o governador Ratinho Junior (PSD), que trabalha pela candidatura do secretário de Cidades, Guto Silva. No Progressistas, nomes próximos à ex-governadora Cida Borghetti ventilam sua entrada na disputa como alternativa interna.
Pressão interna e debandada na federação
A articulação contra Moro é conduzida pelo deputado federal Ricardo Barros, presidente estadual do PP e uma das figuras mais influentes da política paranaense. Ele confirmou a decisão e sinalizou que o ex-juiz terá de procurar abrigo em outra legenda se quiser manter o projeto ao Palácio Iguaçu.
“Ele está no meio do mandato como senador, vai concorrer de qualquer maneira e vai procurar um partido que lhe garanta a legenda. Aqui na federação ele não terá condição de registrar sua candidatura, por conta da decisão do diretório estadual do Paraná”, afirmou Barros, em entrevista à Carta Capital.
A posição do diretório paranaense foi reforçada pelo presidente nacional do PP, Ciro Nogueira (PI), que participou da reunião e prometeu não interferir na decisão local.
O impacto da pré-candidatura de Moro já vinha se acumulando: cerca de 60 prefeitos se desfiliaram do União Brasil e do PP nos últimos meses, além de dois deputados federais, Filipe Francischini e Pedro Lupion, que deixaram as siglas. Dirigentes afirmam que insistir no nome de Moro aprofundaria o isolamento político da federação no estado e colocaria em risco o desempenho das chapas proporcionais em 2026, ano em que o PP tenta manter a bancada de cinco deputados federais e sete estaduais.
Reação do União Brasil
A resposta do União Brasil veio rapidamente. O presidente nacional da sigla, Antonio de Rueda, usou as redes sociais para reiterar o apoio ao ex-juiz.
“A intenção é de dialogar com o Progressistas no âmbito da Federação, buscando o melhor para o Paraná e também para Federação. A imposição de vetos arbitrários é inaceitável“, escreveu Rueda.
Apesar do conflito, Ciro Nogueira buscou minimizar a possibilidade de ruptura nacional. “Minha relação com o presidente Rueda é a melhor possível. É uma situação que vamos ter que enfrentar com muito diálogo. Colocando os interesses nacionais acima de qualquer coisa”, afirmou o senador à Folhapress, reforçando o respeito à autonomia do PP no Paraná.
A falta de consenso trava qualquer avanço: o registro de uma chapa majoritária depende das assinaturas de Ciro Nogueira e Antonio de Rueda. E, no estado, o Progressistas quer preservar a aliança histórica com Ratinho Junior, justamente o arranjo que Moro ameaça implodir.