Povo vê como inimigo um Congresso que abraça a impunidade

O distanciamento entre a sociedade brasileira e o Parlamento não é fruto do acaso, nem de uma suposta antipolítica generalizada. Ele nasce de uma contradição concreta entre o que o País precisa e o que uma parcela do Legislativo entrega. Para entender esse cenário, é preciso honestidade intelectual. Realmente, condenar toda a instituição não é o melhor caminho. As instituições são pilares da democracia, mas não são imunes à crítica quando sequestradas por interesses inconfessáveis.

Para sair da superficialidade, é preciso contextualizar, politizar, jogar luz sobre os detalhes partidários e ideológicos, separar qual agenda a esquerda apresentou e tem defendido e qual agenda a direita e o Centrão abraçam.

Essa distinção nunca foi tão cristalina. De um lado, a esquerda, o PT e o presidente Lula sintonizam com as urgências das ruas e da classe trabalhadora. Somos nós que pautamos o fim da extenuante escala 6×1, lutando por vida digna além do trabalho; que defendemos a taxação dos super-ricos para combater a desigualdade abissal; e que avançamos no debate da Tarifa Zero nos ônibus, tratando o transporte como direito e não mercadoria. Enquanto o governo federal propõe soluções estruturais para a violência, colocando na mesa a PEC da Segurança Pública e endurecendo o cerco com um projeto antifacção robusto, o outro lado oferece sabotagem.

A direita e o Centrão, na contramão do País, impõem uma agenda de autopreservação. Ignoram o clamor por segurança e direitos sociais para gastar energia política articulando blindagens para seus próprios crimes. Erra quem se omite em apontar quem são aqueles que adotam as propostas de anistia, blindagem e impunidade.

Não estamos falando de iniciativas isoladas. Não se trata de uma maioria efêmera, conjuntural, difusa e de difícil identificação. É a histórica aliança entre os partidos e parlamentares de direita e do Centrão. É essa coalizão que transforma o Parlamento em um bunker corporativista, travando pautas vitais como a segurança pública integrada para priorizar a sobrevivência política de golpistas.

Logo, não é a esquerda ou o PT que coloca o Congresso como inimigo do povo. Nós queremos um Congresso que aprove a ampliação de direitos e o combate ao crime organizado. O que há são a percepção e a denúncia de que, quando a maioria dos congressistas resolve adotar a agenda de redução de penas para criminosos condenados, ou de perdão de crimes para políticos e bilionários corruptos, aí sim lançam o Parlamento na contramão da expectativa da sociedade.

Não tem cabimento tentar ligar o PT ou a esquerda a qualquer flerte com o autoritarismo quando, na verdade, a agenda de dosimetria e anistia da direita é justamente para deixar impunes aqueles que tentaram um novo golpe contra a democracia no Brasil. Enquanto trabalhamos contra o crime organizado, a direita trabalha para desorganizar a justiça. Ao afrouxar as leis, abrem a porteira para toda sorte de bandidos integrantes de outras organizações criminosas que seriam beneficiados pelas propostas de impunidade da Direita.

Não aceitaremos a falsa simetria que coloca defensores da lei e protetores de golpistas no mesmo balaio. Nossa posição é inegociável: defender a democracia é garantir que condenados paguem por seus crimes contra o Estado Democrático de Direito. Mas é também, e acima de tudo, garantir que a política sirva à vida. O compromisso do PT e do governo Lula segue inabalável: enfrentar a impunidade da direita para que o Brasil possa, enfim, focar no que importa, a ampliação dos direitos sociais e a dignidade das trabalhadoras e trabalhadores do nosso País.

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