Os atingidos pela enchente no Rio Grande do Sul, depois de nove meses, ainda amargam uma situação de incertezas com auxílios insuficientes e medo de passar pelo pesadelo de uma nova enchente. Mas não estão parados: avançam na luta e organização.

Os moradores do Sarandi, bairro da capital Porto Alegre brutalmente atingido pela enchente, iniciaram o ano mobilizados e exigindo das três esferas de governo respostas às suas reivindicações. No último dia 24, realizaram um protesto. Ocuparam, por 1 hora e meia, faixas da Freeway (estrada que leva ao litoral). Já haviam feito uma manifestação no dia 21, em frente à agência da Caixa Econômica Federal, coordenados pela Comissão Fiscaliza Sarandi.

A Comissão tem tido um número grande de atividades e reuniões com autoridades, desde o mês de julho do ano passado. Nos últimos dias, foram feitas reuniões com o prefeito Sebastião Melo (MDB), representantes da Secretaria para Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, Defensoria Pública, dos Direitos Humanos e outros. Os protestos têm surtido efeito e haverá novos desdobramentos nos próximos dias.

Chega de espera!

Os moradores cansaram de esperar. As soluções trazidas até agora são apartamentos de no máximo R$ 200 mil, casas provisórias e permanência em abrigos. Um grande contingente vive de reciclagem, possuem animais de tração, carroças. Possuem outros animais para a própria subsistência.

Há poucos dias, uma moradora fez um desabafo num grupo de WhatsApp da Comissão. Ela, que é parte de uma das famílias que serão removidas devido a reconstrução do dique, disse que estava desesperada porque não sabia o que fazer, mas que não podia desistir, pois tem uma filha jovem cadeirante que precisa de cuidados especiais.

Em outro momento, nos falou que sofreram para limpar a casa, investiram o auxílio-reconstrução para melhorar a acessibilidade da filha e, agora, não consegue se ver morando num apartamento. O companheiro dela, que trabalha na construção civil, possui ferramentas, carrinho de mão, betoneira, tem participado ativamente dos protestos.

Também, no que tange às soluções para evitar novas enchentes, tudo anda devagar, quase parando. A chuva que caiu no dia 1º de janeiro não alagou Porto Alegre por acaso. E, novamente as casas de bombas não funcionaram por falta de energia da privatizada CEEE Equatorial.

Numa espécie de pressão sobre os moradores a prefeitura iniciou obra no dique do Arroio Sarandi sem remover as casas. A obra passou a atingir a estrutura das casas. E, no final do ano, o prefeito declarou que as famílias terão que deixar suas casas (57 famílias) em troca de estadia solidária no valor de R$ 1 mil (por família) por 12 meses.

Lula prometeu e ainda não cumpriu

Quando o presidente Lula (PT) esteve no Rio Grande do Sul, em maio do ano passado, falou que todos teriam casas. Porém, no valor hoje ofertado de R$ 200 mil em Porto Alegre só existem apartamentos. Isso significa que famílias com 4 e 5 pessoas terão que se acomodar em apartamentos de 1 quarto. Sem falar que quase todas as famílias não possuem condições de pagar custos extras como condomínio.

O descompasso entre as parcas iniciativas dos governantes é um acinte frente às necessidades das pessoas. Enquanto o prefeito quer que 57 famílias saiam de suas casas até 28 de fevereiro, nenhuma delas assinou qualquer contrato na Caixa Econômica Federal. A insensibilidade é gritante. Maneco Hassen, militante do PT, representante da Secretaria para Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, disse numa reunião virtual com a Comissão Fiscaliza Sarandi que o governo federal estava “doando” as casas.

Mas as respostas vêm aparecendo. As palavras-de-ordem nos protestos não têm aliviado ninguém. Ao mesmo tempo que exigem medidas imediatas do prefeito Sebastião Mela, mesmo na presença de parlamentares do PT e PCdoB, o povo tem cantado contra as promessas do Lula: “Lula, cadê você o povo pobre quer te ver”.

Moradia digna e imediata para todos os desabrigados, já!

O PSTU defende um programa cujo eixo é o direito de reparação integral a quem perdeu tudo, e não teve responsabilidade na tragédia. As grandes empresas receberam gigantescas verbas federais, mas é esse sistema capitalista o responsável pela devastação ambiental e as cheias. Que os bilionários paguem a crise em vez de receber verbas estatais.

Defendemos as seguintes medidas Emergenciais:

► Requisição imediata dos imóveis vagos, usados para especulação imobiliária, para abrigar as famílias desabrigadas, com garantia de infraestrutura e segurança. Contra qualquer remoção forçada. Só sair de suas atuais casas com a chave na mão!
► Auxílio financeiro integral para a reconstrução das moradias de todos que tiveram laudos (para compra assistida) negados.
► Suspensão do pagamento de dívidas: o pagamento de dívidas, como aluguel, água, luz, IPTU e consignados, deve ser suspenso por tempo indeterminado para que os atingidos possam se reerguer. E deve ser garantido a isenção/subvenção de tarifas de condomínio, IPTU, luz, água das novas residências, de forma permanente.
► Estabilidade no emprego por 12 meses e redução da jornada de trabalho para 30 horas semanais, sem redução de salário!

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Last Update: 30/01/2025