Soberania digital brasileira

A investida de Donald Trump sobre o Brasil levantou a questão da urgência de se colocar a soberania digital como ponto prioritário das políticas públicas.

O mundo não mais obedece às normas do multilateralismo, perdeu as defesas, os fóruns de negociação contra atos arbitrários.

Se a política externa da maior potência do planeta fica na dependência da vontade individual de uma pessoa desequilibrada, como é o caso de Trump, tudo passa a ser possível. Até a hipótese futura de uma Argentina de Milei, armada pelos Estados Unidos, declarar guerra ao Brasil. Ou não? Para quem decretou 50% de tarifa comercial para as exportações brasileiras, e possibilitou ganhos bilionários para especuladores, calou a SEC (a CVM norte-americana), ameaça o FED (o Banco Central norte-americano), prende juízes, o que não esperar dessa escalada maluca?

Daí a premência de se resolver a questão das vulnerabilidades brasileira. E tema central são as vulnerabilidades da Internet brasileira.

Recorri ao Chat GPT para um balanço dessas vulnerabilidades. E vamos abrir uma discussão durante toda a semana, sobre esse tema.

🧱 1. INFRAESTRUTURA FÍSICA

🌐 a) Dependência de cabos submarinos internacionais

Fato Risco envolvido
99% dos dados internacionais do Brasil passam por cabos submarinos Interrupções (por sabotagem ou acidentes) podem isolar o país
Principais saídas: Fortaleza, Santos, Rio de Janeiro Ataques físicos ou espionagem em hubs estratégicos

🔍 Ex: cabos como SAC (South Atlantic Cable) e MONET ligam Brasil aos EUA e à Europa. Pouca redundância com a África.

🛰️ b) Ponto único de interconexão (PIX – PTT)

  • Embora o IX.br (NIC.br) mantenha uma das maiores redes de pontos de troca de tráfego do mundo, muitas rotas internas ainda passam por servidores nos EUA.
  • Isso gera riscos de interceptação, latência desnecessária e espionagem de dados.

🔐 2. CIBERSEGURANÇA

🛡️ a) Sistemas críticos desatualizados

  • Muitos sistemas públicos e privados ainda operam com infraestrutura desatualizada (Windows Server antigo, firewalls frágeis).
  • Falta política nacional robusta e auditável de atualização em tempo real.

💸 b) Setor bancário e PIX

  • Apesar da excelência do PIX, o sistema já sofreu diversos ataques contra infraestruturas de liquidação terceirizadas (ex: C&M Software, 2025).
  • Falta de segmentação e camadas de autenticação nas APIs bancárias expõem brechas.

🛠️ c) Falta de coordenação entre órgãos

  • Múltiplas instâncias com pouca integração: GSI, CERT.br, Abin, Polícia Federal, Defesa Cibernética do Exército.
  • Ataques de ransomware muitas vezes enfrentam resposta lenta e não coordenada.

🌐 3. DEPENDÊNCIA TECNOLÓGICA E SOVRANIDADE DIGITAL

Fator de dependência Impacto
Cloud services centralizados (AWS, Azure, Google) Dados estratégicos podem ser acessados via acordos como o CLOUD Act (EUA)
Chips, roteadores, hardware Quase toda a infraestrutura depende de importação
Redes sociais e buscadores Algoritmos controlados por empresas estrangeiras

⚠️ Riscos:

  • Sanções internacionais podem desconectar partes da economia brasileira (como ocorreu com o Irã e a Rússia).
  • Falta de cloud soberana ou data centers com controle total brasileiro.

🧠 4. FALTA DE ALFABETIZAÇÃO DIGITAL E RESILIÊNCIA SOCIAL

  • Engenharia social e fake news ainda têm alto poder de mobilização, inclusive contra instituições.
  • Muitos usuários ignoram práticas básicas de cibersegurança (senhas fracas, phishing etc.).
  • Ataques coordenados (botnets, deepfakes) ainda encontram brechas para manipular a opinião pública.

🧪 5. DEPENDÊNCIA DE POUCOS PROVEDORES

Setor Vulnerabilidade
Provedores de backbone Vivo, Embratel, Algar dominam interconexões
DNS raiz e resolução local Muito tráfego ainda é roteado via servidores externos
CDN e serviços de cache Grande dependência de Akamai, Cloudflare e Amazon

RESUMO – VULNERABILIDADES DA INTERNET BRASILEIRA

Categoria Exemplos críticos
Infraestrutura física Cabos submarinos, pontos únicos de conexão
Cibersegurança Sistemas desatualizados, falta de integração
Soberania digital Cloud estrangeira, chips importados, algoritmos
Social/comportamental Baixa educação digital, alta exposição a ataques
Geopolítica Suscetibilidade a sanções, espionagem internacional

🧭 Medidas que o Brasil pode adotar

  1. Desenvolver cloud soberana (gov.br e estatal).
  2. Ampliar a malha nacional de cabos ópticos internos e com América do Sul e África.
  3. Fortalecer o ComDCiber (Comando de Defesa Cibernética) e unificar respostas com CERT.br e PF.
  4. Criar normas obrigatórias de cibersegurança para órgãos públicos e bancos (tipo GDPR + NIST).
  5. Educar a população digitalmente, com foco em jovens e servidores públicos.

Política Nacional de Resiliência Digital e Contingência da Internet

Objetivo Geral

Assegurar a continuidade e a segurança das operações críticas da internet no Brasil, reduzindo vulnerabilidades em infraestrutura, cibersegurança, finanças, telecomunicações e soberania digital.

Eixos Estratégicos

  • 1. Fortalecimento da infraestrutura física e lógica da internet
  • 2. Capacitação e resposta coordenada a incidentes cibernéticos
  • 3. Garantia da continuidade do sistema financeiro digital (PIX e bancos)
  • 4. Independência tecnológica em energia e telecomunicações
  • 5. Soberania digital por meio de parcerias e desenvolvimento de soluções nacionais

Ações Prioritárias por Setor

Infraestrutura Física

  • Construção de rotas redundantes de cabos submarinos e interconexão com a África
  • Implantação de satélites LEO para backup nacional de conectividade
  • Criação de pontos de troca de tráfego em regiões remotas

Cibersegurança Governamental

  • Criação de gabinete de ciberdefesa civil com simulações anuais
  • Implantação de backups offline descentralizados em todos os ministérios
  • Revisão e certificação obrigatória de sistemas críticos do governo

Sistema Financeiro

  • Redundância do sistema Pix com servidores espelhados criptografados
  • Obrigações de autenticação forte para transações críticas
  • Simulações mensais de ciberataques com as principais instituições financeiras

Energia e Telecomunicações

  • Instalação de relógios atômicos para sincronização independente
  • Criação de rede PNT terrestre para substituir o GPS em emergências
  • Criação de protocolos nacionais de roteamento seguro

Soberania e Diplomacia Digital

  • Acordo bilateral com a União Europeia para uso do serviço PRS do Galileo
  • Criação de uma cloud soberana brasileira para órgãos públicos e empresas estratégicas
  • Integração de redes com países do BRICS e América do Sul

Governança e Coordenação

A coordenação será liderada pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI), em articulação com o Comitê Gestor da Internet (CGI.br), a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), os ministérios setoriais e as Forças Armadas por meio do Comando de Defesa Cibernética.

Financiamento

Recursos virão do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), emendas parlamentares e parcerias internacionais, com execução prioritária via MCTI, Telebras, INPE e BNDES.

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Last Update: 21/07/2025