A Grande Assembleia Aty Guasu Guarani-Caiouá é uma organização de base que, desde 1984, reúne o povo Guarani-Caiouá de todo o estado do Mato Grosso do Sul para discutir questões políticas, culturais e da luta pela terra.
O Aty Guasu vem passando por mudanças em suas coordenações, e este é o momento de apresentar uma proposta de luta e combatividade diante dos maiores ataques sofridos contra os índios no Brasil e, em particular, no Mato Grosso do Sul.
Vivemos um período marcado pela aprovação do Marco Temporal no Congresso, pela criminosa Mesa de Conciliação do STF, pela anulação de terras dos índios, pela inoperância do governo Lula em implementar uma política efetiva de demarcações e apoio aos índios e pelo aumento da violência por parte dos latifundiários e polícias contra essa população.
Diante desses ataques, é necessário um programa de luta para que o Aty Guasu seja fortalecido e ainda mais combativo.
O primeiro ponto é a autonomia do movimento Guarani-Caiouá frente ao Estado (governos federal e estadual) e frente a aproveitadores que utilizam os índios como cabos eleitorais, praticam demagogia identitária e captam recursos que não beneficiam as famílias.
Para não depender nem “dever” favores a governos ou ONGs imperialistas, é fundamental garantir a autonomia financeira dos Guarani-Caiouá, possibilitando a organização de atividades e o deslocamento das lideranças de forma unificada.
É preciso também discutir a questão do arrendamento (autonomia dos índios sobre suas terras) como forma de garantir recursos, também de maneira unificada, para atender às necessidades do movimento e das comunidades.
A organização financeira permitirá a aquisição de estrutura própria para a mobilização da luta Guarani-Caiouá, como, por exemplo, ônibus, sede e outros meios logísticos.
Para viabilizar todo esse plano, propõe-se a criação de uma personalidade jurídica para o Aty Guasu.
Há também a necessidade da realização de encontros setoriais, como os da juventude e das mulheres, a fim de garantir maior envolvimento e fortalecer a luta desses setores fundamentais. É preciso garantir os meios de comunicação do Aty Guasu (boletim, canal, redes sociais etc.) de forma unificada, além da promoção de eventos esportivos e culturais para integrar as comunidades.
Propõe-se, ainda, uma intervenção própria nas eleições, com apoio a candidaturas de luta dos índios (frente de luta dos índios), a fim de dar voz aos Guarani-Caiouá.
Por fim, é preciso exigir o cumprimento de todas as promessas para garantir água e infraestrutura para todas as retomadas e aldeias.