O presidente dos EUA, Donald Trump, à direita, conversa com o presidente chinês, Xi Jinping, durante uma cerimônia de boas-vindas no Grande Salão do Povo, em Pequim.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, elevou a pressão sobre a China nesta segunda-feira (25) ao afirmar que o país asiático precisará fornecer ímãs ao mercado americano ou enfrentará uma nova tarifa. “A China precisa fornecer ímãs aos Estados Unidos ou eu vou ter de cobrar uma tarifa de 200% ou algo parecido”, disse.

A fala ocorre em meio ao aumento da tensão comercial e tecnológica entre as duas maiores economias do mundo. A declaração mira diretamente o setor de terras raras, grupo de 17 elementos químicos essenciais para a produção de celulares de última geração, carros elétricos e equipamentos militares.

A China concentra a maior parte das reservas globais e, em abril, incluiu ímãs e outros derivados na lista de restrições de exportação em resposta ao tarifaço decretado por Trump. “Eu não quero apenas defesa, quero também ataque”, reforçou o republicano ao tratar da necessidade de garantir o fornecimento desses materiais.

Os ímãs de alto desempenho são geralmente produzidos a partir de neodímio, samário e disprósio, todos derivados de terras raras. Por serem estratégicos, tornaram-se peça central na guerra comercial que se arrasta desde 2022.

Apesar de um acordo firmado em maio deste ano, que reduziu temporariamente tarifas, de 145% para 30% nas exportações chinesas e de 125% para 10% nos produtos americanos, Trump acusou Pequim de descumprimento. “A má notícia é que a China, talvez sem surpresa para alguns, violou totalmente seu acordo conosco”, escreveu em publicação nas redes sociais.

O Ministério do Comércio da China rebateu e pediu o fim das “restrições discriminatórias” impostas por Washington, defendendo que ambos os países mantenham o consenso alcançado em Genebra. Em agosto, Pequim prorrogou por mais 90 dias a suspensão de tarifas adicionais sobre produtos americanos, mantendo a taxa de 10% aplicada. O gesto, porém, não reduziu a retórica de Trump, que insiste em novas medidas para forçar o fornecimento de ímãs.

Donald Trump e Xi Jinping. Foto: Divulgação

Desde o início de seu tarifaço, Trump enfrenta críticas, inclusive de aliados. O republicano defende que as tarifas fortalecem a posição dos EUA nas negociações e reduzem o déficit comercial, mas analistas alertam para o impacto econômico.

Relatório divulgado na sexta-feira (22) pelo Congressional Budget Office (CBO) projeta que as tarifas podem reduzir o déficit americano em US$ 4 trilhões até 2035, mas ao custo de menor produtividade e investimentos. Segundo o CBO, os recursos arrecadados deverão cortar o déficit primário em US$ 3,3 trilhões e reduzir os gastos com juros da dívida em US$ 700 bilhões no mesmo período.

“Devido às recentes mudanças nas tarifas, essas estimativas são maiores do que a redução de US$ 2,5 trilhões nos déficits primários e a diminuição de US$ 500 bilhões nos gastos com juros que projetamos no início de junho”, informou o órgão.

O problema, de acordo com o relatório, está nos efeitos colaterais. “Os efeitos negativos de tarifas mais altas se manifestam na redução de investimentos e produtividade”, explicou o CBO. Com o aumento dos custos, bens de consumo e equipamentos industriais tendem a ficar mais caros, diminuindo o poder de compra de famílias e empresas americanas.

Atualmente, a tarifa efetiva sobre importações está 18 pontos percentuais acima do que era praticado em 2024. Para especialistas, a escalada coloca em risco a economia dos Estados Unidos e amplia a tensão geopolítica.

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Last Update: 25/08/2025