
Por que o engenheiro Ivo Herzog, descendente de família de judeus mortos pelo nazismo e filho de Vladimir Herzog, é corajoso para atacar o governo de Israel e condenar a matança de palestinos em Gaza, enquanto muitos judeus continuam calados?
Por que os silenciosos confundem a defesa do povo judeu com a proteção política de um governo neonazista que mata crianças e velhos de fome?
Por que esse distanciamento? O que faz com que vozes poderosas de famílias do judaísmo não digam nada? Por que artistas e intelectuais estão calados?
Leiam trechos do que Herzog disse em entrevista a Mônica Bergamo, da Folha:
“Há uma ação deliberada para sufocar e matar a população civil de Gaza por inanição, por falta de cuidado. O que o governo de Israel está fazendo contra a população de Gaza é absolutamente desumano.
“Não é apenas a minha opinião. Centenas de organismos internacionais denunciam a ação do governo de Israel como um crime de guerra. Como crimes contra a humanidade.

“Não se tortura prisioneiros. Não se deixa prisioneiros passarem fome. Vimos crimes de guerra em outros conflitos. Como a perseguição nazista aos judeus, os campos de concentração. E os mandantes daquele governo [de Hitler na Alemanha], no fim da guerra, foram julgados pelos tribunais e condenados. Não pela guerra, mas pelos crimes contra a humanidade.
“A guerra existe. Mas a crueldade e a desumanidade contra a população civil é outra dimensão. Nenhum de nós pode ser conivente. E o silêncio é uma forma de conivência”.
A frase sobre os silêncios diz, pela boca de um judeu, o que outros, não judeus, dizem sob o risco de serem considerados antissemitas. O silêncio também é cumplicidade.