Após o governo de Donald Trump nos Estados Unidos anunciar o fim da isenção tarifária para pequenas encomendas vindas do exterior, diversas empresas europeias de serviços postais suspenderam suas entregas no país, alegando “incertezas” sobre o impacto da medida e necessidade de tempo hábil para se preparar.
A paralisação começou no fim de semana, com Alemanha, Itália, Bélgica, Suécia e Dinamarca suspendendo a maior parte de seus envios. Nesta segunda-feira 25, foi a vez da francesa La Poste e da espanhola Correos juntarem-se ao grupo.
Já as empresas do Reino Unido e da Áustria devem paralisar suas entregas na terça-feira, de modo a dar tempo para que elas sejam concluídas antes da entrada em vigor da medida, em 29 de agosto.
Na Ásia, a paralisação também se estendeu a Índia, Tailândia, Coreia do Sul, Singapura, Nova Zelândia e Austrália.
O que diz o decreto de Trump
O decreto de Trump acaba com a isenção de impostos para encomendas vindas do exterior com valor até 800 dólares (4,3 mil reais) – medida da qual diversas empresas europeias de pequeno porte se beneficiaram no passado –, e obriga as transportadoras ou “partes qualificadas” a recolher esses tributos aduaneiros e repassá-los aos cofres americanos.
Só no ano passado, 1,36 bilhão de pacotes no valor de 64,6 bilhões de dólares (349 bilhões de reais) foram enviados com isenção tarifária segundo essa regra, de acordo com a alfândega americana – a maioria vindos da China.
Agora, as encomendas dessa categoria vindas da Europa estarão sujeitas a uma tarifa de 15% – a mesma aplicada à maioria das importações da União Europeia. Pacotes enviados de outras regiões poderão estar sujeitos a taxas mais elevadas.
A isenção vigorava desde o governo Barack Obama (2009-2017), e seu fim foi defendido por Trump como parte de uma ação de combate a drogas ilegais.
Segundo o jornal belga bpost, na prática as novas regras impõem aos remetentes a obrigação de arcar com as tarifas antes do envio aos EUA.
Envios abaixo de 100 dólares seguem isentos
Cartas, documentos e presentes com valor abaixo de 100 dólares seguem isentos da cobrança, e as empresas europeias de serviço postal afirmam que manterão esses transportes, desde que enviados por pessoas físicas e sem fins comerciais, mas alertam que esses pacotes estarão sujeitos a fiscalização extra “ainda mais rigorosa”.
Ecoando o receio de outras companhias, a alemã DHL, maior empresa europeia de logística e dona da Deutsche Post (equivalente aos Correios), afirmou não estar claro “quem terá que pagar as tarifas e como”.
Já a holandesa PostNL acusou o governo Trump de empurrar as novas tarifas sem que houvesse um sistema para a coleta desses tributos.
A PostEurop, que representa 51 operadoras públicas de correio na Europa, disse que se não houver nenhuma solução prática para o problema antes de 29 de agosto, é provável que todos suspendam a maioria de seus envios aos EUA.
(AFP, ots)