
O general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, que chefiava o Comando Militar do Planalto no 8 de janeiro, piorou a versão de que os invasores de Brasília eram pessoas inofensivas e religiosas, sem armas e sem condições de provocar o caos e levar o bolsonarismo civil e militar a aplicar o golpe.
Dutra disse, em depoimento ao Supremo na sexta-feira, como testemunha pró-golpistas, que a maioria dos acampados no entorno do QG do Exército, que ele comandava, era de pessoas em situação de rua.
Não passa de meia dúzia o número dos que acompanharam a manada só porque estavam por perto. O resto, se sabe muito bem, tinha discernimento do que fazia. São mais de mil processados.
Até porque, se fossem mesmo moradores de rua, teriam sido expulsos do entorno do QG. Com essa desculpa, o general cai em contradição. Porque ele mesmo disse, em depoimentos à imprensa e no Congresso, que liderou uma negociação com Lula no 8 de janeiro.

O general contou que convenceu o presidente de que não havia como retirar os acampados no mesmo dia da invasão. Os que foram presos dentro ou perto dos prédios dos três poderes não escaparam por causa do flagrante.
Mas os outros, que ainda estavam acampados, poderiam resistir e se criaria um conflito com desdobramentos imprevisíveis. Por isso Lula concordou que fossem presos só no dia 9, o que acabou acontecendo.
Pelo que diz agora, Dutra temia reações de gente que morava na rua, se Exército e a PM impusessem, por dever, a força da coerção que levaria à prisão dos acampados golpistas. Dutra temia uns pobres diabos.
E assim, de versão em versão, vamos conhecendo melhor nossos generais. Os que participaram do esquema do golpe e já são réus, os que olharam de longe e se omitiram e os que permitiram os acampamentos no entorno dos quartéis, por conluio ou por covardia.
Pela versão de agora, até a mulher do ex-comandante do Exército Eduardo Villas Bôas, vista e filmada no local, convivia com o lúmpen de Brasília nos acampamentos ao lado do QG que Dutra comandava.